Depois de dois encontros com J.C, o primeiro a solicitação do Moyle e o último dos quais fortuitamente no cinema, tendo ficado marcada na altura uma outra conversa mais extensa, aqui vos trazemos o resultado da entrevista que o Moyle fez à “luz do mundo”.
O Alto, o Forte e o Moyle (AFM) – Bem-vindo sejais e, desde já, o nosso imorredouro penhor de gratidão pela suprema bênção da Vossa excelsa presença.
Jesus Cristo (JC) – Eh lá! Tanto salamaleque! O melhor é optarmos por um tratamento à base da 2ª pessoa do singular. Tenho notado que assim se quebra o gelo, com essa informalidade. Afinal, somos todos Homens aqui. Eu só tenho é um bocadinho mais de experiência.
AFM – Pois muito bem, então. Assim seja! Ou melhor, ámen!
JC – HAHAHAHAHAH. Ámen! HAHAHA. Muito boa mesmo. Estiveram bem! Eheh. Ámen…
AFM – É daquelas coisas que não se evitam. Saiu e correu bem. Bom, mas vamos lá, então, à primeira questão. Usaste a expressão “salamaleque” que, como se sabe, é uma corruptela portuguesa de سلام عليكم «As-Salāmu `Alaykum», a fórmula de cumprimento árabe. Que opinião sobre o Islão e Maomé?
JC – Eu me valha! Vocês entram logo a matar. Vejamos. O Maomé era uma pessoa que se podia considerar, com toda a propriedade e sem exageros, um autêntico bacano. Costumávamos passar horas aterrados nas dunas, a “escavaçar umas brocas” de um rico pólen de Marrocos, que ele arranjava, e a ver passar os camelos. Foram bons tempos, esses. Mas, a partir de certa altura, a cena começou a subir-lhe à mioleira e ele perdeu um bocado a congruência. Já dizia que falava com anjos, punha-se a falar de filosofias que ninguém percebia. Enfim, todo “endrominadinho” da tola. Mas que tinha um jeitão para a poesia, isso sempre teve.
AFM – Negas, então, o Islão como a última mensagem de teu pai à Humanidade?
JC – O meu pai fazia bancos e barrotes de madeira. Na altura era eu que lhe ia aviar os recados, porque o meu velhote era muito caseirinho. Qual mandar mensagens ao Maomé! Quando eu me dava com o Maomé já o meu pai tinha deixado de fazer ripas e estava a “fazer tijolo”.
AFM – Então como é se explica toda a história de seres filho de Deus, o próprio Todo-Poderoso?
JC – Isso é um mal-entendido enorme. Quando entrevistaram o Todo-Poderoso ele disse-vos que a única coisa que não conseguia fazer era ter filhos, se bem me recordo.
AFM – Mas, acompanhas o Moyle?
JC – Claro que acompanho, desde a primeira entrada no blog e, deixem-me dizer-vos, às vezes têm os vossos momentos.
AFM – Estamos muito agradecidos pelas simpáticas palavras. Fazemos o que podemos e esse elogio, vindo de quem vem, significa muito para nós.
JC – Mas voltando ao que dizia. O meu pai era um homem honesto e trabalhador. Sempre foi o meu modelo, um deus para mim. Talvez venha daí essa questão de eu ser filho de Deus. As pessoas quando não têm mais que fazer põem-se a inventar estas coisas, que depois ganham uma proporção desmesurada, e chega a uma altura em que toda a gente acredita mesmo nelas.
AFM – Essa informação vai ser uma surpresa desagradável para muita gente.
JC – A culpa não é minha. Há dois mil anos que as pessoas orientam a sua vida de acordo com não sei bem o quê que eu terei, eventualmente, dito. Como passava a maior parte do tempo com a moca, nem sequer sei o que é que eu disse, ou deixei de dizer, que pudesse ser levado assim tão a sério. Enfim.
AFM – Mas, não sendo filho de Deus, como é que andas por cá há tantos séculos?
JC – Há já uns tempos largos orientei uma ervazinha da boa ao Todo Poderoso. Com a idade já começa a sentir uma certa rigidez nas articulações e fumar ajuda-O muito com as dores. Ele gostou tanto dela que me deu os poderes que tem. É um privilégio muito grande. Só o papagaio dele é que também teve direito a essa dádiva.
AFM – Já falaste em “pólen” e agora em “erva”. Deduzimos que sejas consumidor. Qual é a tua opinião em relação às drogas?
JC – Acho que a minha posição relativamente a esse assunto é bastante óbvia. Eu acho é que as pessoas prestam pouca atenção ao que se passa à sua volta. Passo a explicar. Quando Karl Marx, citando Hegel, afirma que a religião é o ópio do Povo estava a falar precisamente da minha utilização de estupefacientes. Isto embora eu nunca tenha pretendido dar início a nenhum movimento político ou religioso. Meia dúzia de cabeças ocas que viviam ali na Palestina é que viraram-se para aí e escreveram livros e inventaram milagres e coisas assim. Muito “chamon” na cabeça, isso sim.
AFM – Mudando de assunto, se te tivesses dedicado à política em que quadrante ideológico te integrarias?
JC – Quando era novo tinha umas opiniões e tal, que os tais totós foram deturpando e rescrevendo conforme aqueles cerebrozinhos mirrados iam permitindo. Claro que só podia ser socialista. Mas atenção que estou a falar de socialista a sério, não é o que aqui há em Portugal. Acho que até os mais revisionistas ficariam embaraçados por este “socialismo”.
AFM – Consideras-te, então um socialista?
JC – Nunca ouviram dizer que fui o primeiro socialista? Fui eu que inventei o socialismo. É claro que um gajo com o meu aspecto, de cabelo grande, barba por fazer de uma semana, com estas roupas largas, não era a imagem que os publicitários da política procuravam. Quem é que eles foram buscar? Um filósofo oitocentista alemão, com umas barbas enormes, repletas de imponência, mesmo para dar aquela imagem de dedicação à sabedoria, de abnegação, de rigor e sobriedade, vincados naquele aspecto austero. É mais fácil confiar num tipo assim. As pessoas relacionam-se mais com esse tipo de imagem num gajo para criar uma ideologia, estão a perceber?
AFM – Sim, claro. Só nunca te imaginámos como um gajo de esquerda radical.
JC – É como eu costumo dizer: Armas ao Povo e Bombas à Burguesia! Acho que, muito aforisticamente, resume tudo aquilo que eu acho.
AFM – Então o que achas do PS português?
JC – Se vamos entrar em ofensas não vale a pena continuarmos. Eu disse que era o pai do socialismo mas não disse que tinha um filho mongolóide. Sinceramente, se chamam a isso socialismo, prefiro ser conhecido como o criador daqueles saquinhos para recolher as amostras de escape que os cães largam no passeio.
AFM – As nossas mais sinceras desculpas porque não imaginávamos que fosse tão ofensivo considerar socialista o PS português.
JC – Desculpem-me antes a mim. A minha reacção é que foi despropositada. Já aqui ando há tempo suficiente para saber como é que as coisas funcionam em Portugal. Mesmo por isso aceitem um conselho meu, assinem a “Acção Socialista”. Abre mais portas que as células fotoeléctricas.
AFM – Muito agradecidos. Nunca tínhamos pensado nisso dessa forma. Imprensa por imprensa, preferimos o Metro e, para sabermos o que acha o Governo, vemos as notícias na RTP. Mas eram-nos alheias essas vantagens. Para finalizar, uma questão possivelmente delicada.
JC – Chutem! Não há-de ser mais complicada que as anteriores [risos].
AFM – Como é que vês esta questão dos professores e da educação?
JC – Realmente é uma questão complexa mas a minha posição é tão simples que vai parecer um ovo de Colombo.
AFM – AH AH AH! O ovo... Ah ahah ahah. Impagável!
JC – Estão a ver? Não são só vocês que arrancam boas piadas.[largo sorriso] Agora mais a sério. Vou ter que dar razão ao Governo nesta questão. Imagino que seja uma posição polémica mas é aquela em que acredito sinceramente. Algo vai mesmo muito mal no sistema de ensino português. Se estes idiotas estão no Governo, e não me refiro apenas ao caso da Educação especificamente, foi porque completaram uma formação académica. E isso leva à minha questão. Como foi possível estes imbecis concluírem um qualquer percurso escolar se não apresentam qualquer competência? A responsabilidade aqui só pode ser assacada aos professores, por tolerarem este tipo de mediocridade. Como é óbvio, agora têm o que merecem por não terem cumprido bem o seu papel. E é apenas natural que, num assomo de consciência, os membros do Governo não queiram que se repita esta tragédia de estar no Governo de um país quem não é minimamente capaz de exercer essas exigentes funções, quem não tem a cultura e a desenvoltura intelectual suficientes para tão pesado fardo.
AFM – Sem querer parecer uns bovinos acéfalos que anuem a tudo o que lhes dão a pastar, devemos reconhecer que é uma perspectiva extremamente acutilante, perspicaz e arguta de toda esta situação. Na realidade, não nos lembramos de alguém a ter ainda posto nesses termos, o que nos faz valorizar, ainda mais se possível, este extraordinário momento de conversa. O nosso muito sincero agradecimento pela disponibilidade e pela frontalidade posta em todas as questões que colocámos, mesmo as mais embaraçosas.
JC – Ora essa, não foi embaraço nenhum e sou eu que tenho que agradecer o vosso convite. Já há uns tempos que andava com vontade de ser aqui entrevistado. Não acharam que terem-me encontrado no cinema foi coincidência, pois não? Eh eh.
66 comentários:
Ah, confirmo: o JC é um bacano!
E espertalhão ainda por cima, que fingiu um encontro casual, para arranjar uma entrevistinha... :D
Hummm... terá aprendido com alguém?!
Posições muito 'sui generis' também, sobre várias questões polémicas! Como é bom ouvir falar sem papas na língua... :)))
Teté,
é a simpatia em pessoa. nada daqueles tiques de vedeta nem coisa que se pareça. é um tipo muito porreiro para conversar. foi uma agradável meia-surpresa :)
Oi Moyle ;)
Eu desconfiava que ele andava a “escavaçar umas brocas” mas nunca tive a certeza, foi preciso a entrevista para eu confirmar ;)
E, coitado! Se ele é o pai do socialismo levou a que nascesse o tal filho mongoloide. O azar foi nosso porque tinha mesmo que ter nascido aqui :(
Beijos
Jimini,
o JC é um autêntico "pothead". Já o Moyle, embora pareça, não toca em psicotrópicos, exceptuando os líquidos :)
temos que acarinhar essa criança e tirar o melhor que ela tem para oferecer. é a única maneira. não podemos, como é óbvio, dar-lhe uma função acima das suas capacidades. temos que deixar de ter pena do socialismo português e pô-lo no seu devido lugar, para que ele e nós possamos ser felizes.
Vim aqui parar através do "blog" da Teté...
E digo apenas isto, que não consigo ler "posts" tão extensos...
:)
Rei,
por acaso já acompanho os "dedos dos pés" há uns tempos, embora raramente comente.
quando ao teu problema, bem, lê um bocadinho de cada vez que resolves bem a coisa :)
Hellboy II meets Mamma Mia... ou coisa parecida, vá.
Ipsis,
com uma ervazinha pelo meio :)
Moyle,
não eram papoilas?
Ipsis,
saltitantes?
Moyle,
sim. das vermelhas por fora e drogadas por dentro. essas, pois.
Ipsis,
ui ui ui, isso é ressentimento clubístico? :D
Moyle,
ahahah. nada disso. se pareceu, foi sem querer. mesmo! nem sei do que falas.
Ipsis,
:D. ok então. mas olha que não perguntei ao JC se ele dava nas pesadonas. naquelas boas para as articulações doridas é óbvio, agora as outras já não sei :)
Moyle,
quel dommage! ficamos sem saber.
mas posso atirar para o ar, que o gajo não dá nessas.
Ipsis,
também acho que não. ele não coçou os braços durante a entrevista nem nada, tinha um discurso bastante coerente, portanto...
Moyle,
ora bolas... factos... :)
Ipsis,
há quem não viva sem eles e quem os odeie... está visto que não +es uma CSI :)
Moyle,
às vezes sou.
Ipsis,
mas não andas de arma à cinta pois não? nem com um kit de recolher provas numa malinha? :)
Moyle,
não. mas isso não são os "room raiders"? :P
Ipsis,
até podias ser uma salteadora da cómoda perdida :)
Moyle,
ahahah. e nessa cómoda uma telefonia antiga tocava: "you can leave your hat on" e eu desligava-a com o chicote.
(epá... fraquinha)
Ipsis,
naaaahhh, the sky's the limit:) não te coíbas rapariga :P
Moyle,
voltamos às drogas com a "lucy in the sky with diamonds"?
vou tentar. :)
Ipsis,
by all means, dá-lhe com a alma :)
Moyle,
ahh. mas eu preciso de mais. só com isso não dou com a alma em lado nenhum.
Ipsis,
se calhar é melhor porque ainda a partias e os técnicos de almas sobram um balúrdio para as remendar. e depois há aquele pormenor dela não ser tua e teres que a devolver aquando do esticanço do pernil.
Moyle,
pois. e eu tenho jeito para partir coisas e saber que afinal, essas mesmas coisas não eram minhas.
Ipsis,
e agora um momento Fátima Lopes:
confessa lá, já partiste o coração a alguém :D
Moyle,
prefiro a outra dos rasgos assimétricos. :P
Ipsis,
fiquei oficialmente despistado agora:)
Moyle,
falava da estilista fátima lopes.
Ipsis,
a homonímia faz todo o sentido eu é que ainda estava formatado na lamechice e na ingerência na vida privado dos outros, daí não ter acompanhado o raciocínio. sorry
Moyle,
ah... eu é que peço desculpa por ter saltado do "in" para o "out" de forma tão esquiva.
Ipsis,
ahah. nem vou perguntar que está in e quem está out :D
Moyle,
Pronto. assim não chegamos à chalaça do Herman. :P
Ipsis,
eheh. qual delas? :)
Moyle,
exacto. teríamos que continuar para lá chegar... ou então dizemos um palavrão. (ele dizia que isto recompensava com numa sonora gargalhada, caso a piada não resultasse)
Ipsis,
se for para dizer palavrões fáxavor.
quem diz primeiro?
Moyle,
o blogue é teu. faz tu as honras.
Ipsis,
merda. estava a tentar escapulir-me à responsabilidade :)
Moyle,
isso percebi eu, porra. :)
Ipsis,
mas continuas a não ajudar, carago :D
Moyle,
ahh, não digas isso, foda-se. ainda pensam que é verdade! :D
Ipsis,
e se fosse caralho? alguém tem alguma coisa ver com isso?
Moyle,
ahahah. a puta da vírgula estragou-te a primeira pergunta!
mas tens razão. ninguém tem nada a ver com isto!
Ipsis,
às vírgulas havia de lhes nascer um pessegueiro no cu, que desse abóboras. parvas.
Moyle,
eu digo mais. Mais.
ou então uma roseira bem enfiada no rego. as estúpidas!
Ipsis,
ha ha! onde está o palavrão? a menina não pense que me ilude :D
Moyle,
errata: onde se lê: "enfiada no rego", deve ler-se: "enfiada na cona". (isto é do sono) :)
Ipsis,
AHAHAHAH. ok, retiro o que disse antes então. o ideal, no que se refere à vírgulas, é ignorá-las. não valem uma piça.
Moyle,
ahh. assim já nos entendemos catano!
Ipsis,
o melhor é cagar e andar. estamos a dar muita importância a quem não a merece
Moyle,
é verdade. e fiquei sem palavrão que rime com colhão...
Moyle,
talvez cagalhão?
(se é assim também quero)
ipsis,
ou quiçá, punhetão?
(ahahahaha)
Ipsis,
estás a referir-te a uma scobia em grande escala?
:)
Moyle,
exacto. feita a mangalho que mais parece uma sequóia.
Ipsis,
se fosse numa pachacha como se chamaria?
Moyle,
talvez, cephalotus follicularis.
Ipsis,
ui, esse foi a sério:)
Moyle,
às vezes não me consigo controlar.
Ipsis,
eheh. bom, foi muito agradável mas estou todo fodido e o dia começa cedo amanhã. xauzinho :)
Moyle,
foi agradável, sim.
:D
dorme bem. :)
Ipsis,
Idem :D
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