11/16/2010

Idiotas (versão Beta 2.0)


Lembram-se do "Tron"? Eu tenho uma vaga mas impressiva recordação desse filme. Os efeitos especiais marcaram-me e demoraram muito tempo a ser suplantados na minha imaginação. E lembram-se daquela corrida de motas virtuais em que um contendor tenta encurralar o outro com o rasto da sua deslocação, sendo que ambos apenas se podem deslocar em ângulos rectos a uma velocidade absolutamente sideral? Antologia, meus caros. Essa sequência é de antologia!
O enredo desenvolve-se entre a virtualidade real e a realidade virtual, em que os seres humanos acabam digitalizados para o interior de um programa informático, desenvolvendo-se em ambiente de software a luta de um tipo qualquer pela reparação da injustiça que lhe foi feita, numa primeira fase, evoluindo, depois, para uma luta contra a inteligência artificial pelo Bem Comum e pela Humanidade. Tudo isto dentro de uns fatos justinhos - e uns capacetes muito à frente - com umas linhas que brilhavam hipnoticamente, como as meias brancas de um labrego numa discoteca de gosto duvidoso.
Ora bem, a virtualização da realidade e a necessidade de derivar para o mundo do software para resolver coisas quando não se tem capacidade virtual de realização, fez-me lembrar um pouco a nossa situação em termos de poder executivo [não digo em termos políticos porque, por questões de defeito profissional, a palavra "Política" é eivada de uma dignidade implícita que não quero conspurcar].
Todos têm reparado na constante softwarização da nossa política. É o governo electrónico, são os comentários presidenciais aos debates no Parlamento através do Facebook, é a twitterização da oposição laranja e por aí fora.
Ora, na comparação entre o filme, e o conceito, "Tron" com as nossas lideranças, o filme de 1982 sai a perder. Sai a perder, nomeadamente, em prestígio por ter sido usado em tal comparação. No entanto, apesar das quase três décadas de diferença, acaba por ganhar em sofisticação, em inteligência e, também, na qualidade do argumento e dos actores. É que, e vós bem o sabeis, para os actores, filme e argumento actuais começa a haver muito pouca pachorra, por muitos efeitos especiais e realizações virtuais para virtualizações da realidade que sejam usados. Pobres de nós, em vez de um "Tron" tivemos direito a uns poucos de Cromos!

4 comentários:

Teté disse...

Bom, não vi o filme! Mesmo assim, suponho que tens razão, porque é difícil suplantar a tacanhez e estupidez das declarações constantes destes cromos que nos governam. Não há pachorra, mesmo!

Mas, verdade seja dita, no meu facebook eles não põem o pé (ou uma linha de escrita, melhor dizendo)! :)))

Moyle disse...

Teté,

o filme é muito porreiro. já é antigo, naturalmente, mas muito porreiro mesmo.

estes gajos estão em todo o lado. mesmo que não queiras, eles estão mesmo em todo o lado. tem medo, tem muito medo. MUAHAHAHAHAHAHAH

Johnny disse...

Infelizmente, são apenas alguns cromos de uma caderneta inesgotável.

Moyle disse...

Johnny,

e o problema está mesmo no inesgotável...