O Moyle, sem querer, ouviu um curioso diálogo no qual não resistiu a envolver-se (passando a triálogo portanto) que, mesmo arriscando um certo despudor, passa a revelar.
Contra – Já viste isto de quererem fazer um Museu ao Salazar? É uma pouca-vergonha!
Pró – E qual é o problema do museu em Santa Comba?
Contra – Para ser um tributo a um ditador? Já agora, realmente.
Pró – Salazar foi um grande homem, um beirão dos sete costados, um português de gema, que lutou muito pelo país, muitas vezes sozinho. Foi um visionário! (Isto tudo em berros de quem se sente ofendido)
Contra – Visionário? Enquanto ele mandava houve campos de concentração!
Pró – Não os queimava em fornos pois não? (Os berros continuam sempre)
Contra – Realmente não!
Pró – Então não foi assim tão grave! Queixam-se de quê? (Berros e pingos de baba aqui e além)
Contra – Mas não havia liberdade de expressão nem de manifestação!
Pró – E queriam essas liberdades para quê? Para as usarem mal como fazem agora? (Berros e as veias do pescoço a latejar)
Contra – Concordavas que a Polícia, em vez de proteger as pessoas, andasse a proteger os governantes e a vigiar os cidadãos, a perseguir os sindicalistas e quem fazia greve!
Pró – Olha que naquele tempo não havia tantos crimes nem as poucas-vergonhas que se vêem hoje. (Berros e grossas bagas de suor a escorrer das têmporas)
Contra – Porque as pessoas não sabiam ler. O ensino foi bloqueado propositadamente para manter as pessoas na ignorância.
Pró – Para ler as desgraças todas que vemos? Valia mais assim. (Berros e cara de nojo de um cartaz que sobrou do referendo ao aborto)
Contra – Mas…
Pró – Até te digo mais, Salazar salvou o país da bancarrota e eliminou o défice. Era um génio das Finanças. Temos uma dívida de gratidão enorme para com este grande homem. Não tens resposta para esta pois não? Ah pois não! Um museu é pouco para tamanha obra e benfeitoria que os ingratos de hoje não reconhecem. (Berros e ar de triunfante superioridade de quem acabou de entalar o oponente)
(Aqui o Moyle interveio no diálogo)
Moyle – Desculpem, mas não pude deixar de ouvir a vossa conversa. (Pudera, com os berros do gajo)
(Interpelando o Pró-museu) – Já ouviu dizer que querem fazer uma estátua de 3 metros do Primeiro-Ministro e pô-la à frente da Assembleia da República? (treta óbvia)
Pró – Esse gajo? Porquê? Este país é uma pouca-vergonha (Berros, ligeiramente agastado).
Moyle – Então, reduziu o défice público para valores inferiores a 3%, algo que só Salazar tinha conseguido. Genial também, não?
Pró – Ah pois, tudo isso é muito bonito mas aumentou os impostos e cortou nas despesas! Que tem isso de genial, isso até eu fazia. Aliás, qualquer nabo sabe isso! E fechou maternidades e centros de saúde, ah pois é! Eu é que merecia um busto. Eu e os outros como eu. Chego a meio do mês e já estou liso. A electricidade é um balúrdio, a água, a gasolina, a prestação da casa. (Alguma indignação e repúdio, mas sempre aos berros)
Moyle – Realmente…
Pró – Mas espere, quer dizer, faz-se uma revolução e deixam este gajo fazer tudo o que quer, assim, a manipular as pessoas, com polícias nos sindicatos e filmagens das manifestações? E os recados para as redacções de jornais e canais de televisão?
Moyle – É o que se ouve dizer.
Pró – Até lhe digo mais, tenho lá um «trafêgo» em casa que mal sabe ler e escrever e anda no 9º ano. Vou ter que o sustentar até aos 30, ou mais? (Isto em berros de quem se sente espoliado)
Moyle – Então, o que diz a isso tudo?
Contra – Já viste isto de quererem fazer um Museu ao Salazar? É uma pouca-vergonha!
Pró – E qual é o problema do museu em Santa Comba?
Contra – Para ser um tributo a um ditador? Já agora, realmente.
Pró – Salazar foi um grande homem, um beirão dos sete costados, um português de gema, que lutou muito pelo país, muitas vezes sozinho. Foi um visionário! (Isto tudo em berros de quem se sente ofendido)
Contra – Visionário? Enquanto ele mandava houve campos de concentração!
Pró – Não os queimava em fornos pois não? (Os berros continuam sempre)
Contra – Realmente não!
Pró – Então não foi assim tão grave! Queixam-se de quê? (Berros e pingos de baba aqui e além)
Contra – Mas não havia liberdade de expressão nem de manifestação!
Pró – E queriam essas liberdades para quê? Para as usarem mal como fazem agora? (Berros e as veias do pescoço a latejar)
Contra – Concordavas que a Polícia, em vez de proteger as pessoas, andasse a proteger os governantes e a vigiar os cidadãos, a perseguir os sindicalistas e quem fazia greve!
Pró – Olha que naquele tempo não havia tantos crimes nem as poucas-vergonhas que se vêem hoje. (Berros e grossas bagas de suor a escorrer das têmporas)
Contra – Porque as pessoas não sabiam ler. O ensino foi bloqueado propositadamente para manter as pessoas na ignorância.
Pró – Para ler as desgraças todas que vemos? Valia mais assim. (Berros e cara de nojo de um cartaz que sobrou do referendo ao aborto)
Contra – Mas…
Pró – Até te digo mais, Salazar salvou o país da bancarrota e eliminou o défice. Era um génio das Finanças. Temos uma dívida de gratidão enorme para com este grande homem. Não tens resposta para esta pois não? Ah pois não! Um museu é pouco para tamanha obra e benfeitoria que os ingratos de hoje não reconhecem. (Berros e ar de triunfante superioridade de quem acabou de entalar o oponente)
(Aqui o Moyle interveio no diálogo)
Moyle – Desculpem, mas não pude deixar de ouvir a vossa conversa. (Pudera, com os berros do gajo)
(Interpelando o Pró-museu) – Já ouviu dizer que querem fazer uma estátua de 3 metros do Primeiro-Ministro e pô-la à frente da Assembleia da República? (treta óbvia)
Pró – Esse gajo? Porquê? Este país é uma pouca-vergonha (Berros, ligeiramente agastado).
Moyle – Então, reduziu o défice público para valores inferiores a 3%, algo que só Salazar tinha conseguido. Genial também, não?
Pró – Ah pois, tudo isso é muito bonito mas aumentou os impostos e cortou nas despesas! Que tem isso de genial, isso até eu fazia. Aliás, qualquer nabo sabe isso! E fechou maternidades e centros de saúde, ah pois é! Eu é que merecia um busto. Eu e os outros como eu. Chego a meio do mês e já estou liso. A electricidade é um balúrdio, a água, a gasolina, a prestação da casa. (Alguma indignação e repúdio, mas sempre aos berros)
Moyle – Realmente…
Pró – Mas espere, quer dizer, faz-se uma revolução e deixam este gajo fazer tudo o que quer, assim, a manipular as pessoas, com polícias nos sindicatos e filmagens das manifestações? E os recados para as redacções de jornais e canais de televisão?
Moyle – É o que se ouve dizer.
Pró – Até lhe digo mais, tenho lá um «trafêgo» em casa que mal sabe ler e escrever e anda no 9º ano. Vou ter que o sustentar até aos 30, ou mais? (Isto em berros de quem se sente espoliado)
Moyle – Então, o que diz a isso tudo?
Pró – Não digo nada! Que hei-de dizer? Falar para ser processado, ou coisa do género? Ou porem a minha fotografia num ficheiro no SIS, sei lá? Tem algum jeito fazer um busto a um sacana destes. Isto é outro Salazar que aí anda! Ditadorzeco! Apanham-se no poleiro e é a fazer gramar os pobres. Não faz o mesmo aos bancos não, bandido! Tantos anos a aguentar com um e agora vem outro. Este país está perdido. Era dar isto aos espanhóis que ao menos o salário mínimo passava para o dobro! (Resignação cabisbaixa)
4 comentários:
Entre um busto do Sócrates e um museu sobre o Salazar, venha o diabo e escolha... se fosse um busto em trajes menores da Diana Chaves (foi a primeira que me apareceu à cabeça) ou um museu com as fotos, também em trajes menores, da Joana (da TV t'encabo), claramente escolheria ambas as opções!
Até que enchia mais a vista!
TENHO DITO
Se formos a ver bem o Salazar é uma espécie de D. Afonso Henriques... Mas superior.
Se não vejamos, D. Afonso Henriques, libertounos do resto do reino de Leão, e Salazar "libertounos" do resto do mundo
E o Sócrates será uma espécie de Jesus Cristo, fazendo um brilhante trabalho ao libertar-nos do apego aos bens materiais...
Caro poeta,
entre a Diana e a Soraia, o Moyle abdicava claramente de Chaves e dedicava-se a almoçageme...
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