Tornou-se já uma referência recorrente no discurso político nesta adorável e improvável terreola, a menção às gorduras do Estado. De facto, se escreverem a expressão «gorduras do Estado» no Google [eu filtrei a busca aplicando a opção 'notícias'], por exemplo, aparecer-vos-ão instantaneamente (0,09 segundos no meu caso) centenas de resultados (206 no meu caso).
Este é um assunto interessante. Se não for um assunto interessante, será certamente um assunto curioso. Se nem um assunto curioso for, é sem dúvida um assunto. Mas adiante.
A relação do Estado com a gordura é ambígua. Por um lado, o Ministério da Educação corta no investimento e desprestigia o Desporto Escolar. Transmite desta forma que não cede a demagogias externas. Nomeadamente, a que considera existir um problema de obesidade infantil em Portugal. Este é, portanto, um mito conspirativo inventado pela OCDE para prejudicar a economia nacional, oxidando a imagem pública dos comerciantes de guloseimas que, num laivo de genial empreendedorismo, abrem os seus estabelecimentos junto a escolas, e da poderosíssima indústria da refinação açucareira nacional.
Por outro lado, o próprio Estado vive uma aflitiva situação de obesidade mórbida, tendo neste momento mais tecido adiposo do que muscular, faltando-lhe ossatura estrutural que sustente tamanho peso e, bem pior que tudo isso - se alguém não se pode levantar pode bem viver sentado, deitado ou reclinado - a gordura acumulado no Estado português já começou, há bastante tempo, a ocupar o lugar daquilo que deveria ser o "cérebro" nacional.
Quando a metáfora organicista começar a chatear avisem, está bem fofinhos?
Sabendo nós, Moyle inclusive, que os políticos portugueses têm sempre razão. Na realidade, o que de negativo acontece ao país tem sempre origem exógena, naquela gigantesca conspiração de judeus sionistas, alta finança, maçonaria e Vaticano - sendo sempre fofinho da nossa parte fazermos uma remissão para a imprensa humorística, como o Avante!. Sabendo nós, como sabemos, que os políticos portugueses têm sempre razão, se eles dizem que o Estado está Gordo - não é apenas roliço, anafado, gorducho, forte, ou outros eufemismos - como um pote de banhas obesos e nojento, nós acreditamos.
Portanto [pode-se usar um portanto para iniciar um parágrafo?], o Moyle está disposto a apoiar o emagrecimento radical que falece ao nosso país sugerindo que comecemos, precisamente, pela eliminação das camadas adiposas acumuladas e que entravam o bom funcionamento do resto do organismo nacional.
Que tal começarmos por excisar, ainda que a pedrada, as lípidas inutilidades que se acumulam no topo da cúpula política e partidária do nosso país? Uma lipoaspiração à base de paulada!
Tal como naquele concurso abjecto transmitido pela SIC, o mote poderia ser o mesmo: Ganha quem perde! Se estas bolas de sebo que nos governam se perdessem, que ganharia seríamos todos nós.
4 comentários:
Se não cortarem eles essa gordura endógena, alguém há-de tratar disso daqui a uns tempos... heads will roll.
Grande imagem. Grande paciência também, ainda por cima com o sacrifício de ter de olhar para aquelas carantonhas todas, para ajustar ao local... :P
Mas estou contigo: a cortar gorduras, que se comece por essas, que não fazem cá falta nenhuma (antes pelo contrário)... :)
Bom fim de semana!
Johnny,
já acreditei mais nisso. começo a duvidar... é a minha portugalidade, provavelmente, a falar mais alto.
Teté,
e grande capacidade de superação de nojo pessoal. ahahahahahah
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