11/10/2011

O Espectro da Impotência Socialista


Toda a inflamação em redor da eleição do secretário-geral socialista há uns meses, toda a crispação entre os intervenientes nesse tipo de disputas políticas, todo o empolamento mediático a que teve direito, toda a hipertrofia mediática em redor da sucessão de Sócrates... todas estas tretas, poderiam fazer crer que o Partido Socialista estava vivo, forte, rijo. Poderia parecer que o socialismo em Portugal estava dotado de uma erecção política monstruosa, pulsátil de ideias, mantida em riste e intimidantemente apontada ao governo tricolor (leia-se: laranja, amarelo e azul). 
Mas não! A erecção socialista revelou-se pífia, de uma flacidez ideológica confrangedora. 
É certo que o socialismo português foi fortemente esgalhado pelo anterior líder. Igualmente factual é que, mesmo nessa altura, não viveu de potência ideológica, resultando a performance política de uma espécie de medicamentos. Ou seja, o Viagra político do PS foi um certo carisma de Sócrates e a sua aldrabice pegada, ambos em posologias generosas. Mas continuando.
Todos em coro fizeram o funeral político a Sócrates, que foi ler Schopenhauer para Paris, e fez muito bem que isto por aqui é uma piolheira. Todos, fora mas também dentro do PS, foram lestos em lamentar o rasto de destruição que o covilharuco deixara no partido e os anticorpos que gerara numa sociedade portuguesa que estava um pouco sentida, e talvez mesmo aborrecida, por ser constante e permanentemente aldrabada. 
Nesse sentido, António José Seguro prometia (mas só pelas razões apontadas no primeiro parágrafo, porque pela elevação e densidade ideológica da discussão com Francisco Assis tivemos uma amostra do preciso contrário) devolver a tesão ideológica e política ao PS. Fazer circular de novo o sangue da democracia social, assente num Estado que serve a sociedade através da economia.
No fim de contas o que temos? 
Temos, por um lado, a sociedade portuguesa ardendo em desejo a pedir vigor ao PS e, por outro lado, calhou-nos um António José Seguro a sancionar toda e qualquer merda, por mais indecente, indecorosa, injusta e mesmo ilegal, que o PSD/CDS aprove. Isto é, temos o PS de Seguro sem tusa, mole e flácido, que discute muito mas que no fundo não desenvolve porque continua com medo de fantasmas.

2 comentários:

Teté disse...

Desde que o Marocas arquivou o socialismo na gaveta, só o carisma dos líderes os salvava do descalabro. Isso e a governação apatetada dos seus adversários políticos! E vice-versa, mas sempre pelos mesmos e o acólito do costume! :P

Moles, flácidos e sem tusa (a não ser para eles próprios e alguns amigalhaços) toca a todos eles! Claro que depois aparentam ser verdadeiros garanhões, para quem lhes caia na lábia! Infelizmente, ainda há quem caia... com tanto medo dos fantasmas!

Bom fim de semana para ti!

Moyle disse...

Teté,

e como alguns caem na lábia, fo... lixam-se todos. A revolução que anunciam devia sim começar por dentro dos partidos. Aí sim, mudar-se-ia alguma coisa.

Boa semana