O que é que uma tragédia tem de engraçado? Nada, dirá a maioria. Mas a maioria não acerta sempre, como bem sabemos. E dada a matriz civilizacional judaico-cristão que nos enforma a priori, esta questão está viciada ao ponto de apenas eu ter razão quando acho que as tragédias têm sempre alguma coisa de risível.
O dilúvio na Madeira, no entanto, estava a revelar-se difícil em ceder a matéria-prima para o proverbial mau gosto do Moyle, a sua desprezível insensibilidade e consequentes atentados à paciência e dignidade dos leitores. No entanto, quando pensava ter começado a ceder ao cristiano-judaísmo matricial da sua civilização, no que isso implica de sentimento de culpa, piedade e simpatia pelos outros nos seus momentos de infortúnio, as nuvens abriram-se e delas saiu qualquer coisa (que raios de luz é demasiado cliché mesmo para os padrões moylísticos).
Eureka. Para lá dos muitos, a grande maioria dos quais ignotos, talentos de Alberto João Jardim, um se destacou nestes momentos de provação. Não, não foi a sua capacidade de liderança. Foi a sua habilidade absolutamente fenomenal de fazer malabarismos com mortos. Desde o século VII a.D. que não se via uma figura capaz de lidar com a morte e os mortos de maneira tão desembaraçada e entretida. Hoje há 39 mortos, ontem eram mais de 40, no fim dos rescaldos e contabilidades tanáticas a Madeira vai ter mais gente do que antes das enchentes.
Se isto já tem o seu quê de insólito, melhor ainda foi a figura da Secretária Regional de Turismo da Madeira, Conceição Estudante. Por um lado, lembrou a espaços, embora bastante vividamente, a figura patusca e apalermada que fazia o Ministro da Informação de Saddam (Muhammad Saeed al-Sahaf para quem não se lembra). Por outro, ao ser mandada dizer e desdizer-se poucas horas depois, fazia mais sentido mudar o nome para Conceição Estagiária.
O dilúvio na Madeira, no entanto, estava a revelar-se difícil em ceder a matéria-prima para o proverbial mau gosto do Moyle, a sua desprezível insensibilidade e consequentes atentados à paciência e dignidade dos leitores. No entanto, quando pensava ter começado a ceder ao cristiano-judaísmo matricial da sua civilização, no que isso implica de sentimento de culpa, piedade e simpatia pelos outros nos seus momentos de infortúnio, as nuvens abriram-se e delas saiu qualquer coisa (que raios de luz é demasiado cliché mesmo para os padrões moylísticos).
Eureka. Para lá dos muitos, a grande maioria dos quais ignotos, talentos de Alberto João Jardim, um se destacou nestes momentos de provação. Não, não foi a sua capacidade de liderança. Foi a sua habilidade absolutamente fenomenal de fazer malabarismos com mortos. Desde o século VII a.D. que não se via uma figura capaz de lidar com a morte e os mortos de maneira tão desembaraçada e entretida. Hoje há 39 mortos, ontem eram mais de 40, no fim dos rescaldos e contabilidades tanáticas a Madeira vai ter mais gente do que antes das enchentes.
Se isto já tem o seu quê de insólito, melhor ainda foi a figura da Secretária Regional de Turismo da Madeira, Conceição Estudante. Por um lado, lembrou a espaços, embora bastante vividamente, a figura patusca e apalermada que fazia o Ministro da Informação de Saddam (Muhammad Saeed al-Sahaf para quem não se lembra). Por outro, ao ser mandada dizer e desdizer-se poucas horas depois, fazia mais sentido mudar o nome para Conceição Estagiária.
6 comentários:
A Conceição Estagiária não vi (logo não sei que pasa), apenas vi a decisão de não declararem a situação de calamidade (sim, já lá vai o tempo, eu sei) por causa do turismo. Tendo em conta que vi as primeiras imagens na BBC faz todo o sentido...
Noya,
correu bem, esse aspecto. ahahahahah
O João Jardim é como um crossaint do absurdo.
Podia explorar, mas não creio ser necessário
Pois, o intuito até podia ser não provocar alarmismos desnecessários, mas o tiro saiu pela culatra e foi precisamente o contrário! Já toda a gente dizia que o governo regional estava a sonegar informação, porque o número de mortos começou a diminuir...
Só o Alberto João (mais a tal da Conceição) para esconder mortos "debaixo do tapete"!
Blayer,
fica tudo dito...
Teté,
não há desgraça que não se possa transformar pelas artes mágicas em ridículo e o AJJ é um Luís de Matos nessas transformações :D
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