2/11/2010

Xau xau, beijinho beijinho

Uma das mais sólidas tradições deste país, e que felizmente não tende a morrer como se tem visto com muitas outras, é transformar todos os mortos em belíssimas pessoas. Acredito piamente que a Odete Santos esteja só à espera de quinar para atingir a parte do belíssima. Faz sentido. Os mortos, em princípio, já não incomodam e não há ninguém que goste de ver desancar quem já está em baixo. Mesmo que esse "em baixo" seja literal. Enfim, é provavelmente revelador do carácter português, esse je ne sais quoi transcendente que nos define, mas que não me apetece agora escrutinar.
Os políticos portugueses são, antes de mais e dói informá-lo, portugueses. Curiosamente, o que de bom pudéramos apontar à portugalidade não lhes encontramos grandemente. Enfim, são portugueses tanto para o pior como para o pior. E como portugueses que são, não fogem a certas regras e ditames culturais e o panegírico dos condóminos da "urbanização dos pés juntos" não é excepção. No entanto, alguém devia dizer ao Paulinho que a Nelinha ainda não morreu, pelo que o brutal linguadão político que ele espetou naqueles lábios ressequidos da dama de estanho do PSD não era, de todo, inevitável ou, sequer, necessário. Se alguém o tivesse avisado, nem que fosse o bom senso a interromper as férias prolongadas que tem gozado e enviar-lhe um sms, ou coisa do género, teríamos sido poupados ao degradante espectáculo.

2 comentários:

Teté disse...

Felizmente, não vi! Este Portas escreve-se por linhas muito tortas... blergh! :/

Moyle disse...

Teté,

deixa que não perdeste grande coisa. eu como ando bastante tempo de carro por dia, acabo por ouvir estas coisas em directo. na mouche com o "blergh!" :D