7/24/2008

Σωκράτης ou A Morte Como Serviço Público


A descoberta desta imagem (agradecendo-se desde já a prestimosa, embora totalmente involuntária, contribuição deste blog, que é bastante interessante, diga-se de passagem) fez levantar no Moyle uma emoção raramente experimentada e que acaba por não ser de todo desagradável, isto é, o Moyle teve uma ideia.


Há, aproximadamente, 2407 anos morreu na Grécia um cavalheiro, de seu nome Sócrates. Até aqui tudo bem, as pessoas morrem aos milhares todos os dias e nada de novo vem daí (tirando aqueles casos em que os protagonistas desses falecimentos, miseravelmente, não brindaram a Humanidade com o seu passamento antecipado). Porque é importante a morte de Sócrates, especificamente? Conheçamos os contornos do caso.


Politicamente, o pensador era contra a democracia porque achava que o governo deveria ser exercido pelos melhores, pelos mais sábios, pelos mais capazes, seja em engenho, técnica ou sabedoria.


Talvez pela mediocridade do resto da comunidade, intelectualmente incapaz de lidar com a elevação virtuosa com que Sócrates regia a sua vida, talvez pela incompreensão que os espíritos muito à frente do seu tempo sempre sofrem, o certo é que este homem bom e sábio acabou por ser condenado à morte através da ingestão de cicuta (um veneno extraído da planta do mesmo nome). Quais as alegações dessa condenação? Atentar contra a Res Publica e corromper a moral da juventude.


Como todos sabemos, estas acusações são a arma de arremesso preferidas dos escarninhos e pobres de espírito, que não valorizam o árduo labor e a sapiência dos melhores porque, ou não os compreendem, ou eles próprios não seriam capazes de tanto. São acusações típicas de quem vê o seu lugar no poder, conformista e conservador, posto em causa.


Sócrates poderia ter fugido à condenação, como muitos fizeram e fazem nos momentos difíceis, mas isso seria admitir a razão dos detractores e violar os seus próprios princípios e valores. Para Sócrates nada era tão importante como a Virtude, sendo que esta não podia ser ensinada.


Apesar do brilho do seu pensamento, a sua morte terá sido o seu maior serviço prestado à Polis, pelo exemplo que deu de nunca se ter afastado do seu caminho, a via que sabia ser a correcta, ficando a memória, essa sim imortal a iluminar a direcção.


Em última análise, tendo em presença todos os factos e derivações da História, a morte de Sócrates seria o mais alto serviço prestado à nação, pois com ela se estabeleceria a fronteira entre os medíocres e os grandes e essa separação é o que estabelece a grandeza dos homens, a verdadeira fonte da imortalidade. Do que se conclui que nos faz mais falta um Sócrates morto, e por isso mesmo imortal, do que apenas mais um nome na poalha dos milénios.

9 comentários:

jorgeferrorosa disse...

Trabalho muito interessante. Sócrates temáticas paixonantes do meu domínio de acção. Gostei quando dizes: "Como todos sabemos, estas acusações são a arma de arremesso preferidas dos escarninhos e pobres de espírito, que não valorizam o árduo labor e a sapiência dos melhores porque, ou não os compreendem, ou eles próprios não seriam capazes de tanto. São acusações típicas de quem vê o seu lugar no poder, conformista e conservador, posto em causa." Bem verdade.
Vamos pensar pela própria cabeça.
Um abraço
Jorge Ferro Rosa

Moyle disse...

vamos lá então!

outro abraço:)

Sorrisos em Alta disse...

Já me basta ter que pensar por mim, ainda vou ter que pensar também pela própria cabeça??
Ela que pense por ela!

Moyle disse...

sorrisos,

não sejas assim. se ela precisa de ajuda para um pensamentozinho ou outro qual é o stress... lembra-te daquilo que disseste do arder... ajudar os outros, nem que seja a cabeça a pensar, é meio caminho para não arder eternamente.

vá lá, faz lá o jeitinho:)

Jiminy_Cricket disse...

Moyle,

Gostei da tua ideia... ;)
Era lindo o actual fazer o mesmo, despercebidamente alguém lhe dar uma cicuta, assim sem querer "ai e tal, vai um Shot" ;)

Acho que a preocupação do nosso é ser mais um nome na poalha do milénio, apenas e só.

beijos

p.s. um texto assim faz conta bem bom ;)

Moyle disse...

jimini,

ui que a baba deixa os dedos escorregadios e é difícil escrever.

fiquei contente porque apanhaste o que eu estava a deixar cair:)

era chegar ao pé dele e perguntar:
- oh chefe, quer viver para sempre? atão, bota abaixo:)

ui, até arrepia visionamentalizacionar a cena...

Jiminy_Cricket disse...

como diria eu:

lindio!!!!!!

ahahahahaha

beijos

Moyle disse...

jimini,


LOL.

beijos também

Sorrisos em Alta disse...

Ok, Moyle, eu vou tentar.
Mas se a própria cabeça for loira, vai ser tempo perdido, já sei...
;o)