5/14/2007

Os 10 Portugueses mais Assim-Assim

Esta lista, pela tectónica matricial em que se compreende a sua sustentação axiológica, é, efectivamente, a ilustração representativa do “portuguesismo”. Os portugueses são, na realidade, mestres na arte do não comprometimento – que elevaram, aliás, a filosofia nacional – fruto de séculos de aprendizagem e de luta passiva contra o estruturalismo das conjunturas anunciadas, sobretudo se estas forem depressivas.
Eis, portanto, que, muito para além da esterilidade maniqueísta imanente ao dualismo Melhor vs Pior, que não deixa de ser um exercício dialéctico curioso, oferecemos a listagem de “Os Portugueses”, eivada que está do dualismo bom/mau, que redunda num, retumbantemente português, TALVEZ. Assim se encontraram os portugueses Assim-Assim, os que oferecem mais dúvidas, os indefiníveis, em suma, os que mais perfeitamente se enquadram num inequívoco e afirmativo TALVEZ.

10º
Sertório
– Sendo um Ícone, entre outros, da resistência lusitana à invasão e opressão, numa época em que nem sequer havia ainda Portugal (sendo um enorme manifesto da predestinação histórica portuguesa), um dos primeiros heróis portugueses não era português, nem era grande herói pois desertou daqueles que passou a combater. Vira-casacas avant garde


Infante D. Henrique
– Visionário, ofereceu a Portugal a independência financeira através do comércio transoceânico, no que poderia ser considerado um dos génios protectores de Portugal. Mas, por outro lado, morrer velho, solteiro, dado à religião e, ao mesmo tempo andar a sonhar acordado com marinheiros, não quererá dizer alguma coisa acerca desta figura histórica?


Amália Rodrigues
– Além de não dever ter continuado a cantar para lá dos 40 anos, não é que a voz do regime, que o fazia vibrar com melodiosos trinados estava, afinal, de panelinha com a vermelhice e o Barreirinhas? Quem diria… Quem disse que não se pode servir Deus e o Diabo ao mesmo tempo?



Fernando Pessoa
O génio de Fernando Pessoa manifesta-se em não se manifestar. Estas palavras de Almada Negreiros, por si só, justificam a entrada do visado por elas nesta lista, até porque nem são sim, nem sopas Tudo bem que o senhor era um génio, e tal… Mas aquela “história” com o Mário Sá-Carneiro continua mal contada. Mas tudo isto, se calhar, são boatos e o Moyle está a ser injusto. Talvez Fernando Pessoa não tivesse nada a ver com o assunto e fosse o Álvaro de Campos a gostar de iogurte quente nas costas


Jorge Sampaio
– Provavelmente, o último político português de rosto humano (reparem na ambiguidade paradoxal desta afirmação) nas muitas décadas que estão para vir. Parece que foi Assim para o Santana Lopes e Assado para o Ferro Rodrigues. Em Off-record: Linchou o putanheiro e o pedófilo, e foi buscar o paneleiro (isto pelo que dizem, que o Moyle não alinha em desmandos gratuitos com a vida privada das pessoas).


D. Miguel de Vasconcellos
– Esconder-se no armário valeu-lhe, totalmente de bónus, uma defenestração. Não havia no século XVII sindicatos bancários, seguradoras, TVI, nem Beira-Mar, mas já havia gajos que aproveitavam a cunha para entrar na administração espanhola, tudo em nome dos interesses, únicos e exclusivos, dos portugueses, claro. O Moyle aprecia as vanguardas, sobretudo as com três séculos e meio de avanço. A dúvida consistiu entre esta personagem e Pina Moura, mas optámos pelo original, em detrimento da cópia.


Paulo Portas
– De manhã uma palmadinha no ombro, à tarde uma facada nas costas (tanta prosápia e não serviu de nada, pois não Marcelo?) e à noite uns loiros caracóis a ondular no jardim do marido da Rainha Vitória. Não poderíamos deixar passar em claro aquele timbre de voz e a dentição à Catarina de novo, e ao ataque. E os três submarinos comprados para o Museu da Marinha? Um verdadeiro homem de cultura…


D. Sebastião
– Se não fosse D. João IV, constaria da lista dos “10 Melhores Portugueses”, pois foi o primeiro verdadeiro sindicalista do mundo, mesmo muito antes de Marx e companhia, uma vez que foi o que começou a luta para que hoje tivéssemos um ordenado mínimo de quase o dobro do que temos, e a culpa, repetimo-lo foi do D. João IV, que se armou em patriota. Para além disso, não consta desta lista por se preconceptualizar, à boca pequena, a sua possível bichanice (o que faria dele imediatamente uma figura Assim-Assim). Deu, antes do tempo, o retrato de Portugal. Um gajo competente, mas que a partir de certa altura notou que só “lá fora” é que tinha e hipótese de fazer vida, dando o valioso exemplo para o futuro. O senão é que os que não foram ficaram a arder com a conta


Alberto João Jardim
– Antigo estudante de Coimbra, tinha a obrigação de conhecer o texto de Antero Quental Bom Senso e Bom Gosto (os 10 anos que lá passou davam perfeitamente, e como de certeza que não estava a estudar…), que pelo título parece ter sido escrito expressamente a pensar no Presidente ad aeternum da RAM. Mas, por outro lado, chamar bastardos, perdão, filhos da puta, aos jornalistas e governantes portugueses diz-nos que dentro daquelas cuecas no Carnaval não anda só banha acumulada. Ele merecia o primeiro lugar, mas para os nossos leitores não pensarem que o padrinho tinha tido alguma influência na votação, o que seria mais uma escandaleira no Continente, nós pedimos-lhe permissão para o colocar em segundo lugar.


O Tão Esperado maior português de sempre (por ser assim-assim):
Marcello Caetano
Evolução na Continuidade? Mas em que raio estaria Marcello Caetano a pensar? Era a gozar não era? Talvez só para experimentar a reacção do pessoal? Para umas gargalhadas ministeriais? Marcello (estes gajos eram tão patriotas que até acrescentavam consoantes aos nomes verdadeiros para não se saber no estrangeiro que eram portugueses) conseguiu aquilo que todos os políticos depois da Evolução, perdão, Revolução, tentaram mas não conseguiram, ou seja, fazer merda na governação e ser recompensado com uma reforma dourada num paraíso tropical, sendo que, os políticos actuais só conseguem 50% desse objectivo.

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