6/29/2006

A Crise de Timor-Leste

Graças a um acaso feliz, ao mesmo tempo que inacreditável, uma troca de linhas permitiu que ouvíssemos uma conversa secreta e absolutamente extraordinária. O telefonema era proveniente do Palácio das Cinzas, em Díli, estando do outro lado da linha António Costa, ministro português da Administração Interna e Joaquim de Oliveira, accionista maioritário da SportTv. Devido às obrigações que temos perante os nossos fidelíssimos leitores divulgaremos esta informação secreta e inédita.
Em poucas palavras se explica a gravíssima crise que tem assolado Timor-Leste. De facto, ao tentar impedir a transmissão dos jogos do Campeonato do Mundo de futebol que se está a realizar na Alemanha em cafés, restaurantes, tascas e afins, a SportTv tem fortes responsabilidades na instabilidade pré-guerra civil que se vive no mais recente país do mundo.
Quando os jornais portugueses chegaram a Díli, três dias depois de terem sido publicados em Portugal, a população amotinou-se, pois viu ameaçadas as suas possibilidades de assistir aos jogos. Ao mesmo tempo, o descontentamento generalizou-se porque no palácio presidencial e no gabinete do Primeiro-Ministro, foram instaladas à última hora receptores que permitiam aos responsáveis políticos e seus apaniguados acompanhar o desporto-rei.
O representante, não oficial, e principal orquestrador das violentas manifestações que assolaram a capital do país, Joaquim Makratipan Arapuak, terá iniciado negociações com a Indonésia para a entrega do poder no território timorense. A contrapartida do acordo previa a transmissão gratuita do actual e dos próximos 2 Campeonatos do Mundo de Futebol, dos próximos 2 campeonatos europeus de futebol, as 5 próximas finais da Champions League (e todas aquelas em que o Benfica jogar, sem número discriminado) e, se possível, a transmissão dos jogos da fase final ca competição em Pólo Aquático, nos próximos Jogos Olímpicos de Pequim.
Por sua vez, no seu tom pausado a roçar um gaguejo senil, o Presidente, ex-guarda redes da Académica de Díli e actual estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Xanana Gusmão, pediu imediatamente ajuda a Portugal, para fazer face a esta crise aguda. Lembremos que os australianos, tendo em vista a venda de camisolas, entraram imediatamente em cena para montar os meios de transmissão dos jogos, somente, dos «Socceroos», o que foi recusado a toda a linha pelos rebeldes. A Onu voluntariou-se para enviar batalhões de técnicos munidos de material e ferramentas, para montar uma antena e um receptor por cada 20 palhotas, mas apenas a partir de 10 de Julho, o que se veio a provar ser totalmente inaceitável por ser demasiado tarde. Nada, enfim, que surpreenda nas actuações da ONU.
Demonstrando o seu tacto negocial, António Costa, conseguiu despachar umas centenas de GNR’s, por tempo indeterminado, para o território timorense (parecendo mesmo ter comentado: “De qualquer maneira aqui também não fazem nada!”), desagravando assim o orçamento do seu ministério.
Contudo, a situação só seria desbloqueada junto de Joaquim Oliveira, através da cedência à Olivedesportos dos direitos de exploração de publicidade estática em redor de monumentos nacionais, estando em conclusão as negociações para os funcionários da administração pública passarem a usar vestuário com alusões à SportTv, nomeadamente as cores e logótipo, durante os horários de expediente nas respectivas repartições.
Numa época de maledicência gratuita e de veiculação facciosa de informação politicamente orientada contra o governo, ou mesmo de contra-informação, cremos não ser descabido apresentar aqui um voto de louvor pelos esforços e tacto negocial revelados pelos portugueses na assistência, desinteressada como é patente, a um povo que se pode considerar irmão, embora um irmão mais novo, rodeado que está de tubarões.

1 comentário:

Anónimo disse...

isto é mesmo um excelente texto, diria mesmo mais, um bom texto...