5/30/2006

Camarate revelado!


Quase três décadas depois, uma luz parece querer romper a sombra em que a memória de Francisco Sá Carneiro se encontra envolta, devido às trágicas e obscuras circunstâncias que ditaram o seu desaparecimento do convívio com os que respiram.
Clamou-se, até hoje, por uma verdade que teimava em não se deixar desvendar. Muitas foram as hipóteses e as teorias aventadas para explicar a queda do Cessna em que viajavam o 1º Ministro português, a sua companheira Snu Abecassis , o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, entre outros. O escândalo do tráfico de armas, no qual Portugal seria a plataforma de distribuição para o continente africano, sustentou algumas destas sugestões explicação. Talvez a CIA, tentando salvar a face e apagar provas; altas patentes militares portuguesas, ameaçados na sua tentativa de constituir o seu próprio Plano Poupança Reforma; fala-se mesmo na Opus Dei, que na sua cruzada cristianíssima de devolver as almas ao Criador, tem negociado na distribuição de armas por todo o mundo. Teorias mais radicais apontam mesmo as culpas a personalidades tidas por perfeitamente inconspícuas, tais como o ex-Presidente da República Ramalho Eanes e o, recentemente descoberto socialista, Freitas do Amaral. Podemos adiantar, contudo, que todas estas hipóteses são, além de insultuosas, perfeitamente ridículas e sem a mínima noção da realidade.
Tais hipóteses não têm satisfeito, portanto, os cidadãos portugueses pela razão de serem apenas isso: hipóteses. Outras têm sido ventiladas mas carecem de qualquer fundamento. Uma delas apontaria a CP como promotora do atentado, por Sá Carneiro ter optado pelo avião Lisboa-Porto em vez do Foguete. Num outro registo fantasioso pensou-se mesmo que a Associação Académica de Coimbra teria tentado eliminar o ministro da Defesa, por partilharem a mesma sigla AAC, o que de alguma maneira roubaria protagonismo à associação estudantil. Mas estes são claramente devaneios, pois nem a CP tinha os conhecimentos técnicos para sabotar um avião, nem os estudantes de Coimbra seriam capazes de qualquer acto que pusesse em causa a regras do bom senso e da convivência em sociedade.
Estamos, neste momento, em condições de adiantar com segurança, graças a investigações extremamente aprofundadas, com recurso a todos os meios disponíveis, que a polémica e incómoda verdade que verdadeiramente explica a queda do avião veio finalmente ao de cima.
Vários investigadores portugueses, historiadores, sociólogos e jornalistas, dos quais os jornalistas do Correio da Manhã se auto-excluíram pois a investigação recorreu a escutas telefónicas, está prestes a trazer à luz do dia um livro, sugestivamente intitulado: Camarate explicado aos portugueses como se fossem crianças de 4 anos.
A tese fundamental assenta na conjugação de vários interesses na eliminação dos passageiros do Cessna, pelo que a hipótese de falta de combustível foi imediatamente afastada pois, inclusive, no manómetro, que foi recuperado inteiro, o ponteiro apontava F.
Uma associação de interesses levou, então, ao conhecido desfecho fatídico. A A.D.C.M.P, Associação de Defesa do Consumo da Mulher Portuguesa, pretendia, com o seu envolvimento, marcar uma posição na defesa da não importação da mulher estrangeira. Fonte próxima da direcção referiu mesmo – e se todos os homens portugueses começassem a imitar o Primeiro-ministro e andassem por ai a arranjar suecas? Que era feito da mulher portuguesa? E que têm as outras que a gente não tenha? Declaração esta off the record.
O segundo elemento da conspiração foi composto pela C.D.C, Crescimento e Desenvolvimento de Camarate que conseguiu, referem, atingir dois objectivos. O primeiro e mais óbvio foi dar notoriedade à localidade de Camarate, segundo um dos elementos da direcção – todos nós sabemos que a dificuldade verdadeira no processo de crescimento sustentado é a criação de uma Marca, que acrescente valor ao serviço oferecido e foi isso que fizemos por Camarate, pusemos a nossa terra no mapa do turismo português, o segundo objectivo foi demolir, sem custos nem licenças, duas casas que, e citamos, - faziam sombra à horta do Presidente da Junta.
O terceiro elemento da conspiração que terminou com a morte do Primeiro-ministro português teve motivos mais prosaicos, mas não, sem dúvida, despidos de um interesse que nos importa descortinar. Composto pelo grupo do jogo da Sueca da paróquia do piloto, o objectivo deste terceiro elemento foi não ferir as susceptilidades do piloto, recusando-se a jogar com ele. Vejamos o que tem Inácio da Luz, nome fictício, a dizer sobre este assunto – não se podia jogar com ele, ao que acrescentou, eh pá, levar o jogo contado na sueca e meia vitória e ele não sabia contar para riba de 29. Toda a gente sabe que só livra aos 30, pois então vomecê já ‘tá a ver o problema que isto dava. Deste modo, de forma a não ferir os sentimentos do piloto, ao recusarem-se a jogar com ele, os três parceiros de jogo decidiram tomar medidas e sabotaram o que pensavam ser uma avioneta de sulfatar o arroz, nunca pretendendo prejudicar ninguém, muito menos as pessoas que ficaram sem as suas casas.
O projecto só pôde ser levado em diante devido às capacidades de organização do verdadeiro cérebro da operação. A revelação polémica, mas verdadeira, de que a irmã Lúcia foi o motor desta conspiração, promete ser um choque para a sociedade portuguesa e católica de um modo geral. Depois de semanas de contactos, de observações, de cálculos para a obtenção da destruição daquelas duas casas especificamente, a colocação do engenho explosivo no bimotor. Ao ler as memórias da última vidente de Fátima deparamo-nos com a seguinte afirmação – Atenta Lúcia no que te digo – dizia-lhe a senhora – tomai atenção ao perigo vermelho. Depois dos cravos virá o dia em que o poder chegará às mãos de um Carneiro. Estareis então no cristão caminho dos justos. Seguindo ainda as memórias da vidente, somos surpreendidos com a revelação de que a devoção à Senhora de Fátima era inferior à devoção ao partido. De facto, Lúcia era uma das militantes mais antigas e uma das mentoras do MRPP e, segundo palavras suas, não podia deixar a reacção destruir o glorioso espírito de Abril. Temos então que, a partir do Carmelo de Coimbra, onde mantinha o low profile fundamental, a vidente constituiu-se como o verdadeiro arquitecto de toda esta conspiração.
Será esta a verdade, finalmente? Todos os factos apurados apontam para essa conclusão. Camarate foi mesmo atentado ou, como disse a irmã Lúcia, O Carneiro de Deus foi imolado.