11/14/2012

O Inconveniente de Ter Nascido


Não tem o Moyle nenhum desejo particular de se ver reduzido a um mero troglodita com queda para o insulto e o palavrão. No entanto, vós, fofinhos, terão que convir que a cada passagem de globos oculares por um qualquer jornal, ou a cada exposição de pavilhões auriculares a um qualquer segmento noticioso, as e os merdas lá estão a esbanjar magníficas oportunidades para estarem calados e a meditar no absurdo da existência, quer a particular, quer a geral.

Nos dias que correm, lateja permanentemente nas têmporas um título de livro - nunca pelo Moyle lido - que reza O Inconveniente de Ter Nascido, do insone romeno Cioran. Não contem com elucubrações sobre filosofia, para o que o Moyle não está disponível de momento por se encontrar num paraíso tropical a convalescer de um gravíssimo caso de unhas encravadas. Parece, no entanto, que este livro tem um título perigoso, muito perigoso. É que mesmo as pessoas que meramente se limitem a passar por ele, sem nenhuma intenção de o lerem, podem, de um momento para o outro, reparar no título e pensar: «O Inconveniente de Ter Nascido? Quem?».

Sérgio Monteiro diz que é a altura de tirar medidas para erguer estátua a Passos Coelho. Se vos apetecer, dêem um salto ao Público, para ler a notícia e formarem uma opinião. Apesar de tudo o que cada um dos tristes habitantes desta terrinha [excluindo-se aqui a senhora bem alimentada que orienta a caridadezinha do Banco Alimentar] vê, ouve, sente e sofre todos os dias neste jardim à beira mal plantado, o certo é que, afinal, somos um povo de carneiros que não merecemos os pastores geniais e altruístas que nos conduzem. Fiquem apenas com esta meditação de um verdadeiro filósofo existencialista, o brasileiro Luís Filipe Scolari: «E o burro sou eu?».

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