Os liberais ou, no caso português, os liberalóides, clamam sempre, por tudo e mais alguma coisa, pela intervenção da Sociedade Civil na resolução dos seus próprios problemas. Se pensarmos no assunto sem complexos ideológicos apriorísticos facilmente verificamos que têm razão.
Se se verifica uma grave epidemia de entupimento de ralos de banheira não faz sentido esperarmos que o Estado disponha recursos para arrancar cabelos da canalização, até porque comportamentos preventivos podem evitar esse desfecho. E, na realidade, ninguém o espera!
De igual modo, não faz sentido estarmos à espera que o Estado venha aconchegar-nos as mantas à noite, palitar-nos os dentes depois de uma posta mirandesa, cortar-nos as unhas dos pés porque a barriga tornou-se do dia para a noite nos Himalaias, segurar-nos a cabeça sobre a sanita porque afinal o gin não era tão inofensivo como nos anos da faculdade, desapertar o soutien da boazona que se insinuou no bar do fim da rua, quando até só tinhas ido beber um copo sem mais nenhuma intenção extra e, olhem... proporcionou-se mas se não lhes consegues sequer desapertar o soutien ela provavelmente vai achar que és um totó e a noite acaba por ai! Ninguém espera nada disso.
Mas ainda assim, impõe-se uma pergunta. Haveria alguma forma de os cidadãos legitimamente [note-se aqui o advérbio de modo porque é mesmo importante] poderem aspirar a esse tipo de apoio público na resolução dos seus problemas? A resposta é necessariamente sim! Se pagássemos impostos para que o Estado nos assistisse nesse tipo de necessidades individuais, poderíamos com legitimidade esperar e exigir que o fizesse. Como ninguém acha que o Estado tem algum coisa a ver com a proporção de ácaros por centímetro quadrado de colchão, ninguém na sociedade espera do Estado assistência na resolução desse tipo de problemas.
Uma das coisas que as pessoas esperam, com alguma dose de legitimidade, do Estado é que proporcione assistência em termos de saúde, segurança, justiça, educação e mais pintelhices do género. Mas, a cada 4 anos, lá temos os do costume a lembrar a Teoria das Internalidades e a exigir menos pieguice e mais colaboração da Sociedade na resolução dos seus próprios problemas. Ora, os bombeiros são a melhor demonstração de que os remoques de que a sociedade civil não faz o suficiente por si própria são tão verdadeiros como uma sinfonia composta por um albatroz.
Não é que o Moyle admire por aí além os bombeiros. Se por um lado nada contra vestir de vermelho - é sexy, usar galochas quando se tem transpiração hiperabundante nos pés é pouco recomendável. Não devemos esquecer que pessoas que arriscam o próprio coiro para salvar o dos outros, de borla ainda para mais, são pessoas que devem ter qualquer coisa fora do sítio no sistema límbico!
Mas não estamos cá para julgar ninguém e, embora não seja uma aspiração de vida individual - o altruísmo é tããããããããão anos 50, o Moyle agradece o esforço e dedicação desta gente que deixa de dormir em casa com a família (sem ser pelas melhores razões), se veste de plástico vermelho (sem ser pelas melhores razões), usa galochas (não deve haver melhores razões para isto) e passa o tempo de mangueira na mão (sem ser pelas melhores razões).
A bombeiragem deste país presta um serviço que, legitimamente repita-se, a sociedade deveria esperar do Estado porque, necessariamente note-se, pagam impostos para tal . Segurança de pessoas, bens e haveres, perante catástrofes naturais (das quentes, das frias, das molhadas e mesmo das tremidas quando houver), e, imagine-se, transporte para acesso a cuidados de saúde.
Ora, o Estado limita o acesso a cuidados de saúde e outros do género, com encerramento e limitação de funcionamento de centros de saúde, urgências, maternidades e mais que não. Tudo bem, a racionalização de meios exige alguns ajustes e acertos, vá lá, por argumento aceite-se. Assim sendo, espera-se que assegure a todos os cidadãos os cuidados de saúde que tinham antes, permitindo-lhes a ultrapassagem das distâncias entretanto criadas pela anterior racionalização de meios. O Estado faz isso? Não. Ora, quem faz? A Sociedade Civil, através da gentileza voluntária dos Bombeiros Voluntários! Apesar das legítimas (leram bem? legítimas!) aspirações dos cidadãos, são os próprios que se substituem ao Estado na obrigação deste em assegurar o acesso aos cuidados médicos, por intermédio dos bombeiros.
O que se passa, então? O que se passa é que as gananciosas, somíticas, agarradas, trafulhas, chupistas, sanguessugas, onzeneiras, avaras, vampíricas aproveitadoras que são as corporações de mangueirolas por esse país fora, querem, imagine-se o desplante!, que o pobre, ingénuo e incauto Estado contribua para cumprir aquilo que, pasme-se, era legitimamente de esperar que cumprisse por fazer parte das suas missões sociais.
O despudorado desplante de exigir ao Estado dinheiro para combustível que mantenha em andamento as ambulâncias que levam doentes aos hospitais; os auto-tanques que distribuem água pelas zonas do país onde água corrente durante todo o ano é uma opulência asiática que os cidadãos que lá residem devem assegurar por si próprios; os carros de combate a incêndios que asseguram a segurança de bens e haveres privados e públicos ou limitam a destruição dos mesmos.
Neste momento, não há qualquer tipo de dúvida, Portugal estaria bem melhor sem bombeiros e, se calhar, se isso acontecesse, este tipo de despudores acabaria.
Uma das coisas que as pessoas esperam, com alguma dose de legitimidade, do Estado é que proporcione assistência em termos de saúde, segurança, justiça, educação e mais pintelhices do género. Mas, a cada 4 anos, lá temos os do costume a lembrar a Teoria das Internalidades e a exigir menos pieguice e mais colaboração da Sociedade na resolução dos seus próprios problemas. Ora, os bombeiros são a melhor demonstração de que os remoques de que a sociedade civil não faz o suficiente por si própria são tão verdadeiros como uma sinfonia composta por um albatroz.
Não é que o Moyle admire por aí além os bombeiros. Se por um lado nada contra vestir de vermelho - é sexy, usar galochas quando se tem transpiração hiperabundante nos pés é pouco recomendável. Não devemos esquecer que pessoas que arriscam o próprio coiro para salvar o dos outros, de borla ainda para mais, são pessoas que devem ter qualquer coisa fora do sítio no sistema límbico!
Mas não estamos cá para julgar ninguém e, embora não seja uma aspiração de vida individual - o altruísmo é tããããããããão anos 50, o Moyle agradece o esforço e dedicação desta gente que deixa de dormir em casa com a família (sem ser pelas melhores razões), se veste de plástico vermelho (sem ser pelas melhores razões), usa galochas (não deve haver melhores razões para isto) e passa o tempo de mangueira na mão (sem ser pelas melhores razões).
A bombeiragem deste país presta um serviço que, legitimamente repita-se, a sociedade deveria esperar do Estado porque, necessariamente note-se, pagam impostos para tal . Segurança de pessoas, bens e haveres, perante catástrofes naturais (das quentes, das frias, das molhadas e mesmo das tremidas quando houver), e, imagine-se, transporte para acesso a cuidados de saúde.
Ora, o Estado limita o acesso a cuidados de saúde e outros do género, com encerramento e limitação de funcionamento de centros de saúde, urgências, maternidades e mais que não. Tudo bem, a racionalização de meios exige alguns ajustes e acertos, vá lá, por argumento aceite-se. Assim sendo, espera-se que assegure a todos os cidadãos os cuidados de saúde que tinham antes, permitindo-lhes a ultrapassagem das distâncias entretanto criadas pela anterior racionalização de meios. O Estado faz isso? Não. Ora, quem faz? A Sociedade Civil, através da gentileza voluntária dos Bombeiros Voluntários! Apesar das legítimas (leram bem? legítimas!) aspirações dos cidadãos, são os próprios que se substituem ao Estado na obrigação deste em assegurar o acesso aos cuidados médicos, por intermédio dos bombeiros.
O que se passa, então? O que se passa é que as gananciosas, somíticas, agarradas, trafulhas, chupistas, sanguessugas, onzeneiras, avaras, vampíricas aproveitadoras que são as corporações de mangueirolas por esse país fora, querem, imagine-se o desplante!, que o pobre, ingénuo e incauto Estado contribua para cumprir aquilo que, pasme-se, era legitimamente de esperar que cumprisse por fazer parte das suas missões sociais.
O despudorado desplante de exigir ao Estado dinheiro para combustível que mantenha em andamento as ambulâncias que levam doentes aos hospitais; os auto-tanques que distribuem água pelas zonas do país onde água corrente durante todo o ano é uma opulência asiática que os cidadãos que lá residem devem assegurar por si próprios; os carros de combate a incêndios que asseguram a segurança de bens e haveres privados e públicos ou limitam a destruição dos mesmos.
Neste momento, não há qualquer tipo de dúvida, Portugal estaria bem melhor sem bombeiros e, se calhar, se isso acontecesse, este tipo de despudores acabaria.
2 comentários:
É preciso ter lata! Esses malandros dos bombeiros querem que o Estado lhes pague a gasosa??? A que propósito?! Não é obrigação deles fazer umas festas e organizar umas quermesses para que seja a própria população a pagar os serviços que eles lhes prestam? Qualquer dia até desejam férias pagas em Roma, para verificar 'in loco' as origens do incêndio que um imperador ateou, em tempos... :)))
Teté,
esses chupistas, mais dia menos dia, exigem algum tipo de respeito pelo que fazem :(
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