O Moyle não sabe se se deve sentir muito confortável com uma ministra da agricultura que tem fé que chova em Breve.
Por um lado, põe-se obrigatoriamente a questão de ter fé ser pré-requisito para funções ministeriais. Se assim fosse, todas as avós da aldeia onde o Moyle se desenvolveu enquanto o portento intelectual que todos podem apreciar - já deixando de parte a inefável beleza exterior que espalha por onde quer que esteja - eram potenciais ministeriáveis, porque mais fé do que aquelas velhotas tinham só um sportinguista acreditar que com o Sá Pinto a coisa vá mesmo ser diferente. Coisa que se presume não haver em grande quantidade.
Por outro lado, não menos imperiosamente se põe o problema de chover em breve. Mas que interessa ao Moyle que chova em Breve se é Portugal que está a entrar num período de seca? Não era mais importante ter fé que chovesse em Portugal do que em Breve, seja lá isso onde for?
Nisto da chuva como em tudo o que envolva fé, a racionalidade tem um papel a todos os níveis secundário. Faz sentido a fé da ministra de que chova em Breve porque chover em Portugal está mais que visto que nada feito. Mas pior que a seca que nos dão estes governantes, com a sua conversa fiada de que se aproveita tanto como de um champô anti-queda no distante reino de Alopécia, a seca meteorológica que nos assombra de momento é mesmo preocupante.
Mas nestas coisas há que também reservar uma palavrinha fofa para o alvo das nossas atenções e, neste caso específico, para a superhipermegaultraministra Cristas. Na realidade não podemos deixar de lembrar que o mote que orienta este governo é o de cortar no uso de dinheiros públicos que tenham utilidade para resolver os problemas dos cidadãos. Ter fé que chova fica bem mais barato do que dar prossecução aos planos de irrigação do Alqueva, ou do que a construção de barragens para armazenamento de recursos hídricos para consumo - para hidroeléctricas a coisa arranja-se porque, lá está, os benefícios são mais óbvios para empresas do que para cidadãos - construção de redes de transvase entre bacias hidrográficas para desencravar regiões mais expostas à seca, et caetera. Não é só por capricho que o Moyle lembra estas hipóteses, é mais por uma minudência, um pormenor, uma paneleirice mínima e que se calhar nem sequer tem aqui grande cabimento mas cá vai: é que nessas regiões vivem pessoas!
Bom, mas adiantando caminho na mal-amanhada tentativa de entrelaçar o texto com a imagem que o coroa. Ter fé remete-nos, necessária e obrigatoriamente, para um tipo de vivência de cariz religioso. Não está em causa, neste particular, a necessária laicidade exigida a um Estado de gente razoavelmente normal e em posse de um mínimo de faculdades intelectuais, pois a experiência de tipo religioso é individual e não pública.
Não deixa de ser interessante, no entanto, que a vivência religiosa remeta, necessariamente, para uma experiência do tipo extático, ou seja, um transe, ou seja, uma alienação da realidade sensorial e física semelhante à conseguida pelo uso de substâncias estupefacientes.
Sim, perceberam bem, o Moyle acha que a nossa ministra da agricultura deve andar a fumar daquelas "coisas que fazem rir". Entende-se, honestamente, entende-se. A nossa fofinha ministra não está assim tão preocupada com a questão da seca porque essas mesmas "coisas que fazem rir" normalmente provêm - diz-se o que o Moyle não sabe destas coisas nem é de intrigas - de regiões do globo de climas desérticos, ou semidesérticos. Enquanto não chover... olhem, paciência.
Bom, mas adiantando caminho na mal-amanhada tentativa de entrelaçar o texto com a imagem que o coroa. Ter fé remete-nos, necessária e obrigatoriamente, para um tipo de vivência de cariz religioso. Não está em causa, neste particular, a necessária laicidade exigida a um Estado de gente razoavelmente normal e em posse de um mínimo de faculdades intelectuais, pois a experiência de tipo religioso é individual e não pública.
Não deixa de ser interessante, no entanto, que a vivência religiosa remeta, necessariamente, para uma experiência do tipo extático, ou seja, um transe, ou seja, uma alienação da realidade sensorial e física semelhante à conseguida pelo uso de substâncias estupefacientes.
Sim, perceberam bem, o Moyle acha que a nossa ministra da agricultura deve andar a fumar daquelas "coisas que fazem rir". Entende-se, honestamente, entende-se. A nossa fofinha ministra não está assim tão preocupada com a questão da seca porque essas mesmas "coisas que fazem rir" normalmente provêm - diz-se o que o Moyle não sabe destas coisas nem é de intrigas - de regiões do globo de climas desérticos, ou semidesérticos. Enquanto não chover... olhem, paciência.
2 comentários:
É, há secas bastante mais irritantes que as meteorológicas, e esta fé desmedida na chuva, sem fazer nada para evitar a consequente seca, evidencia bem isso...
Por mim, estou-me nas tintas que a mulher se ganze, mas vir com a desculpa da fé sem fazer nenhum, para além de levar para casa o ordenado no fim do mês, já acho menos admissível! :P
Teté,
no papel/ecrã nenhum de nós admite mas... lá os temos :(
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