Percebe-se a preocupação do ilustríssimo ex-líder da JSD, que agora mui ilustremente nos primeira, com o facto de não ser suficientemente compensado pela gigantesca tarefa que desempenha. Compreende-se. Independentemente de se concordar, ou não, o facto é que desmantelar todo um Estado construído ao longo de 30 anos - o qual, ainda por cima, parece que é morbidamente obeso - é uma tarefa claramente de Hércules. Quer dizer, se considerarmos as notícias de nomeações lautamente remuneradas (com e sem subsídios de férias de Natal), mais do que de Hércules, a tarefa do nosso ilustre Primeiro é de Sísifo.
Depois do histriónico episódio da insuficiência alimentar de um idiota, depois do clamor de miséria abjecta por parte da nossa muito particular múmia - o que não se entende muito bem porque as múmias egípcias têm as mesmas ligaduras milhares de anos e não reclamam por falta de rendimentos para suprir as despesas - , temos agora o pungente lamento do lagomorfo. Portugal é uma vil madrasta para os seus maiores. Portugal é desgraçada mãe por ter nestes os seus maiores. Bom, cada país tem o que merece, soe-se dizer.
Não deixa de ser estranho, no entanto, ficar a pairar a possibilidade - real ou imaginária interessa pouco porque a essa mesma distinção não se aplica à informação que este e todos os governos anteriores patrocinam - de dificuldades do primeiro de São Bento em se auto-sustentar, devido à parcimónia dos recursos auferidos a título retributivo. E estranho porquê? É estranho, verdadeiramente, porque neste mesmo governo existe um ministro - cuja real utilidade seria discutível se tivéssemos ponta por onde pegar em tal discussão - e que se chama Relvas.
Ora, se o nosso Primeiro se chama Coelho; se o nosso Primeiro é adjunticizado por um ministro que não se sabe para que serve e que se chama Relvas; se o nosso Primeiro está, ainda que imaginariamente, em risco de não assegurar a sua própria subsistência por anorexia do Primeiro salário; então, se tudo isto se verifica, o Coelho pode comer o Relvas. E é um Coelho bem burro se o não fizer porque poucas vezes vi Relvas tão viçosas e lustrosas (pelo menos na televisão).
6 comentários:
São uns piegas estes governantes! Voto portanto que se ponham a andar para bem longe, para a China, país do qual são tão amiguinhos atualmente... mas para os campos, para saberem o que é trabalhar em troca de uma malga de arroz!
Sim, porque embora essa ideia do coelho comer o relvas seja excelente e burilada, só resolvia o problema parcialmente... :S
Teté,
Já tens dois votos :)
A ideia talvez tenha mesmo algumas virtudes pois enquanto o coelho comesse relvas não nos comiam ambos a nós todos :(
Teté e Moyle, bora lá correr com eles. Depois não se zanguem se vier um governo de tecnocratas chefiado por um português nomeado por Bruxelas. O que é ainda pior.
Carlos II,
mas não é isso que temos neste momento? Mudando o centro de gravidade de Bruxelas mais para oriente um pouco:
Não é isso não senhor. Eu explico: Temos ou não obrigações para com Bruxelas? Fazemos ou não fazemos parte da Comunidade de Estados? Quem é que responde por cada país em Bruxelas? Os governos eleitos democraticamente. Certo? Um governo de tecnocratas congelava o nosso sistema democrático por um tempo indeterminado. E nós portugueses não saberíamos a quem pedir contas. Se o poder dos cidadãos já é curto por razões que não vale a pena agora falar, com a segunda alternativa o nosso poder seria ver e ouvir a "banda" a passar.
Carlos II,
nos últimos três governos houve para aí 2/3 políticos (e nem sequer tão bons como isso). o resto são tecnocratas, quer queiramos aceitar quer não. e as pessoas acham bem (como se vê pelas eleições) sermos governados por fazedores de coisas (tecnocratas) em vez de verdadeiros políticos e por pessoas que saibam efectivamente pensar. opções... mas que são tecnocratas não há muito como lhe fugir. basta pensar no Ministro da Saúde que anunciou quanto ia poupar na Saúde antes de conhecer os dossiers ministeriais. se isto não é tecnocracia admito a minha falha.
Mas voltando às obrigações de Bruxelas, não foi Bruxelas que nos mandou enterrar dinheiro nos bancos em nome da manutenção dos números de consumo interno? E agora somos punidos violentamente por seguir as orientações da comunidade de Estados a que pertencemos?
O Carlos II vive acima das suas possibilidades, enquanto português? Eu tenho a certeza que não vivo. Mas todos os dias sou acusado disso e nada fiz para o merecer, pelo contrário até.
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