2/12/2012

Alegoria da Pieguice


6 comentários:

Teté disse...

E o quue é que aqueles três monos estão ali a fazer? A assistir ao espetáculo no camarote?! Pffff... :S

Dito isto, gostei da montagem! :)

Carlos II disse...

Interpreto a questão da pieguice como os portugueses que se queixam da política de austeridade, que enchem as ruas,os largos e as praças com gritos de raiva, num desespero de quem se agarra com unhas e dentes a um mundo e a um paradigma social (diga-se ideológico) que já tem dois séculos. Está aí um novo mundo.

Um abraço

Moyle disse...

Teté,

são precisamente espectadores porque muito claramente não têm nada a ver com o que se passa :)

agradeço as gentis palavras :)

Moyle disse...

Carlos II,

tudo é devir, como dizia o heleno com um nome semelhante a um exame ao sangue (não muito parecido, vá, mas mais ou menos ainda assim). frequentemente esquecem as pessoas dessa simples máxima. mas o devir não tem que ser violento e um Estado, que é o conjunto dos cidadãos, não pode promover o devir contra si próprio, isto é, contra os cidadãos.
A mudança é obrigatória mas este truísmo pode esconder um elemento muito significante: mudança em que direcção? O mundo novo está aí é bem certo e concordo. Mas que mundo é esse? é aquele de precisamos? Melhor ainda, é esse novo mundo o melhor mundo que podemos ter?
De um povo culturalmente piegas [ou cuja pieguice ocupa fatias importante da sua psique], este apelo ao fim da pieguice soa demasiadamente a insulto!

Um abraço de volta :)

Carlos II disse...

A humanidade sempre se adaptou às mudanças. O meu caro amigo,compreendeu que os paradigmas que assentaram a sociedade europeia oriundas da revolução industrial terminou e o sistema (capitalismo)tenta definir o novo paradigma: revolução informática, tecnológica, cibernética, etc, num mundo naturalmente globalizado. Trata-se de uma fase de transição que é sempre traumática e que trazem muitas perplexidades. Caminhamos para um mundo melhor? Não sei.
O PM referia-se a alguns piegas. Ele sabe que um povo que sobreviveu a uma ditadura, à guerra colonial e a desastres naturais, (povo de Lisboa - terramoto de 1755) não é um povo piegas.
Quanto ao devir, não cabe a este governo as causas principais do descalabro do Estado. Se o Estado faliu, sendo um protectorado que para sobreviver necessita de dinheiro emprestado e para pagar recorre a quem? Aos bancos? Também faliram!
Obrigado pela visita ao Eloquente.

Moyle disse...

Carlos II,

muito se resume a uma questão de direcção e, nesse particular, não estamos bem servidos. Este último governo é pior que os anteriores por isso mesmo, por ser o último. Não conseguiram até agora - muito claramente não o conseguirão por manifesta falta de competência para tal - compreender as necessidades desse povo corajoso e resiliente [mas também algo piegas na sua relação resignada com o universo] e conduzi-lo a um futuro melhor.
Numa casa em chamas: fechamos primeiro as torneiras que correm, fechamos as janelas para poupar na factura do aquecimento ou damos banho ao bebé? Naturalmente que nenhuma destas porque a casa está a arder.
O nosso problema é este - e atenção que não é só nosso - anda-se grandiloquentemente a resolver fechar janelas e torneiras e a placidamente deixar a casa arder.
A mudança é boa, se for para melhor. O Estado como é não tem que ser obrigatoriamente inviável (e há vários exemplos nacionais, quase cliché, para o demonstrar) mas era necessária sensibilidade e bom senso, inteligência e sentido histórico, capacidade de observação e raciocínio e depois, só depois, uma acção decidida e orientada que nos antecipasse os traumas do mundo. O que temos é a mediocridade a vergar-nos (e repito que o problema não é exclusivamente nosso=portugueses) a um mundo que não compreende e a usar um discurso ofensivo, despudorado, insensível e acusatório relativamente aos elementos mais débeis do corpus social para o justificar.

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