O Moyle
saúda-se a si próprio por este muito bem-vindo regresso às questões
desportivas.
Foram de facto
um fim e um início de semana emocionantes desportivamente. No sábado houve
lugar ao estrangulamento de um - aparentemente - felídeo de médias proporções
com os vermelhos a prosseguirem um périplo de “matar um leão por dia” para
conseguirem levar a bom porto os seus intentos. Nenhuma novidade,
portanto.
Após a refrega
futebolística houve lugar a fogueira na bancada. Foi fofo mas talvez a
despropósito, arriscaria o Moyle. Por um lado já é tarde para o S. Martinho. É
demasiado cedo para os santos populares. Estando boa parte dos moços daquele
sector das bancadas com cachecóis a tapar a cara e com gorros, frio supõe-se
que não teriam. Como se justifica a fogueirola? Bem, o Moyle arriscaria fome.
Resta aqui, contudo uma dificuldade. Se fizeram a fogueira por fome não
calcularam bem a coisa porque o porco já tinha levado com um espeto, sim, mas
do outro lado da vedação, por um lado, e do outro lado das leis da gravitação,
por outro [não esquecer que o relvado fica ligeiramente abaixo da bancada
calcinada]. Foi uma fumarola pífia porque não puderam grelhar lá grande coisa.
No domingo a
emoção continuou, com o dragão a treinar o treinador que ainda está a aprender
a treinar o seu dragão. Um dos aspectos a melhorar é uma minudência. Ainda
assim, na medida em que o diabo está nos detalhes, não de todo despicienda. No
centro de estágio monocromático azul e branco, durante a semana, se calhar
seria aconselhável começar fazer durar os treinos 90m, ou mais. O sistema
actual de se treinar durante 85m apenas poderá eventualmente tornar-se
aborrecido. Depois do jogo, houve lugar ao espancamento habitual do repórter de
serviço e voilá, temos os adeptos
portistas mais descansados com o regresso à normalidade.
Deixando o
fim-de-semana e saltando para o início da dita, realce para a notícia de que os
espectáculos de índole pornográfica e obscena serão taxados a 23% e os bilhetes
para assistir a jogos de futebol também, de acordo com a lei do Orçamento de
Estado em apreço e discussão nos dias que correm.
Duas ou três
palavrinhas: uma, duas… três... Já está. Agora mudando novamente para o assunto
do parágrafo anterior, mudando-se, para tal, de parágrafo para o seguinte.
Não se discute
a bondade da ideia que altera a tributação em sede de IVA dos bilhetes de
futebol, equiparando-os a espectáculos pornográficos e obscenos, até pela
proximidade entre ambos. Os sportinguistas saíram f***dos do estádio da Luz e o
repórter da TVI saiu com a tromba f***da do estádio do Dragão.
Embora não se
discuta quer a necessidade como o a propósito desta medida fiscal que equipara
as duas formas de entretenimento, há no entanto algumas espinhas a esburgar. Qual
é a vantagem de subir o IVA nos bilhetes de um jogo de futebol entre o Paços de
Ferreira e o União de Leiria? Ou entre num Portimonense contra o Beira-Mar? 23%
de 0 é igual a 6% de 0. Se, por outro lado os estádios têm já tão pouca gente,
esta medida, naturalmente engordadora dos bilhetes ou emagrecedora dos
proventos dos clubes, afastará ainda mais os poucos adeptos que ainda
comparecem.
Naturalmente
que o futebol é um negócio e não deve ter regalias só porque sim, mas os clubes
têm camadas etárias inferiores de competição, em vários desportos, que mantêm
ocupados putos em actividades saudáveis e pedagógicas, como as desportivas. Sem
receitas, sendo já magras as que recebem da bilheteira, poder-se-á pôr em causa
uma função social que o Estado não têm a mínima hipótese de sequer equiparar.
Quando as
camadas jovens dos clubes desportivos começarem a definhar, o Moyle sugere-lhes
que se dediquem a outra actividade equiparada em termos fiscais. Os
espectáculos pornográficos e obscenos. Pressupõe actividade física, mas uma
mais agradável que andar a correr para trás e para a frente. É mais provável
ouvir ofegos do que urros ululantes. Exige alguma coordenação psico-motora mas
tem a vantagem de ser mais fácil atingir o estatuto de “atleta profissional”.
Pornografia é o futuro. Se pensarmos bem nisso, a
pornografia gera mais dividendos aos Estados Unidos do que o futebol a
Portugal. Só precisamos de começar a realocar recursos, nomeadamente recursos
humanos, e teremos meio caminho andado para aumentar as exportações.
2 comentários:
Credo, nem sabia que para assistir a competições juvenis era preciso pagar bilhete! Quer dizer, julgava que a assistência era maioritariamente constituída por familiares e amigos dos desportistas, e um ou outro cromo, aficcionado ou curioso! :D
Quanto aos resto, é óbvio: 23% de 0 é 0 à mesma, como 100 ou 1%. Ando até desconfiada que estes fulanos que nos governam não sabem fazer contas, mas pronto, fico-me pela desconfiança! ;)
Teté,
Não me devo ter explicado bem. Nãos e paga para ver os jogos dos putos - pelo menos que saiba - mas manter escalões de formação é caro para os clubes e com a previsível diminuição das já ridículas receitas de bilheteira mais ameaçada se torna a viabilidade desses escalões que não geram retorno financeiro directo.
É mesmo melhor ficarmos pela desconfiança, para não arriscarmos a insanidade :)
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