11/15/2011

Não! Estão enganados, não é erro ortográfico!

Esta figurinha de meia tigela vem sugerir uma sublevação militar em Portugal. Este merdas, que contribuiu fortemente para destruir a viabilidade da anterior sublevação militar, vem dar-se ares de defensor da democracia.
Podia parecer que o Moyle tinha acordado mal disposto e com vontade de destilar bílis e tinha apanhado este triste a jeito e feito dele vítima de males alheios. Podia parecer isso. Mas não!
Este gajo anda há mais de 30 anos a mugir a vaca de resistente anti-salazarista e de coordenador de operações na revolta militar do 25 de Abril. Mesmo nessa altura, em que fez o que pôde e o que não pôde para entregar o poder roubado a um tiranete a outros que tais, e desde então não fez a ponta de um corno em prol da democracia. 
Apesar do que [não] fez em prol da democracia, teve mesmo direito a enrolar-se escabrosamente com a Julie Sergeant, quando verdadeiros heróis da revolução tiveram direito a merdosos e de gosto duvidoso bustos sujeitos à diarreia de pombos. Onde está a justiça nisto? Que moral tem este merdas para vir sugerir revoluções, ou algo que se pareça? 
Se bem me recordo, embora não tenha idade para tal, este gajo esteve por detrás de um movimento, extraordinariamente democrático, que limpou o sebo a dúzia e meia de gajos - dos quais um puto de 4 meses - rebentou com bancos, casas privadas e carros em plena via pública. 
Venham as lições de democraticidade, que estamos ansiosos por elas. Vindas de um gajo que, se não fosse a maneira portuguesa de fazer as coisas, ou melhor, a maneira portuguesa de não fazer as coisas, estaria por agora a sair da pildra. Mas percebe-se. Portugal é um país evoluído, culto, inteligente, avançado e respeitador das liberdades individuais, nomeadamente a de opinião. 
Se o líder de um grupo de ideológicos ladrões de bancos, estava por detrás do assassinato de gente porque não concordava com a opinião política deles, tudo bem. Tem direito à opinião dele, não há prisão para ninguém e não se fala mais disso. 
Mas além de tudo isso, que não cheira efectivamente bem, há mais qualquer coisa que, por seu turno, não soa bem nesta história de revoltas militares e tal. 
Expliquem-me isto se souberem, mas quem raio é o idiota que vem anunciar nos meios de comunicação social uma revolução? Talvez por deficiente entendimento, admite-se, mas o Moyle estava sob a convicção de que sublevações, revoltas e revoluções eram preparadas em segredo, de forma a garantir a sua eficácia a coberto do efeito surpresa. E aqui reside um dilema difícil de resolver. Vamos ver.
Será Otelo Saraiva de carvalho efectivamente um converso à democracia? Será na realidade um génio da estratégia? Ou tivemos uma sorte descomunal em '74 quando este badamerdas estava à frente da coordenação da insurreição militar?
Anunciar previamente a possibilidade de um levantamento militar poderia ser, por um lado, um golpe de mestre em termos estratégicos. O regime democrático prepara-se e antecipa o golpe pondo-se a jeito para o aparar e defender-se em seguida. Deste prisma, teríamos um Otelo efectiva e finalmente convertido à causa democrática, pondo ao serviço desta a sua argúcia estratégica. 
Por outro lado, anunciando a possibilidade de uma nova insurreição militar, para se dar ares de uma grandeza snob, nascida de frustrações passadas, acaba por esvaziar essa hipótese para um futuro imediato porque toda a gente ficou a saber entretanto de que esse acontecimento seria viável. Esta tese, redundaria na pura sorte como explicação para o sucesso táctico dos militares em '74, pois um idiota destes teria sempre conseguido estragar uma boa organização.
Mas há ainda uma 3ª hipótese, a mais dramática de todas. Carvalho incentiva a revolta dos militares para os poderes públicos civis pensarem que já não serão apanhados de surpresa e que qualquer acontecimento desse tipo é inviável e, quando o vento mediático deixar a poeira assentar e toda a sociedade repousar numa artificial sensação se segurança, PUMBA! temos a revolução.
Embora perturbadora, esta última hipótese não se coloca, parece ao Moyle. Na realidade, um gajo que andou a mandar tiros nas pernas a monstruosos empresários que não conseguiam pagar salários, fazia rebentar carros em vias públicas repletas de perigosíssimos e insidiosos civis desarmados e assaltava bancos pelo mero apelo ideológico até pode ser um Rambo, mas um Rambo sem M. 

4 comentários:

Teté disse...

Epá, mas o "Oh tolo!" sempre teve sede de protagonismo, qual é a novidade?

Ninguém lhe contesta a participação no 25A, mas não satisfeito com isso, resolveu armar-se em revolucionário armado e meliante! Foi preso (não tão pouco tempo como isso) e perdoado - salvo erro pelo Marocas.

Agora revê uma oportunidade de renascer das cinzas e de voltar a ser o "herói" que sempre sonhou ser. Contudo, o seu prazo de validade já caducou há muito! (ele é que ainda não sabe!) ;)

Johnny disse...

Subscrevo, na totalidade! mesmo o título.

Moyle disse...

Teté,

ele e o marocas... não tenho nada contra ele pessoalmente. não o conheço sequer. agradeço-lhe penhoradamente o comando da operação militar na madrugada de 25.04.1974, mas nada mais que isso. O que me enerva é precisamente o branqueamento da História. Isso é o mais pernicioso nestas figurinhas, que se pretendem alcandorar a sabe-se lá o quê...

Moyle disse...

johnny,

devidamente registado e apreciado :)