Sendo hoje o dia de reflexão que precede o sufrágio, o Moyle achou por bem reflectir um bocadinho sobre as particularidades da campanha eleitoral.
Sabemos que, na linha daquilo a que temos vindo a ser habituados, o nível e a elevação da campanha não foram exemplares. A discussão de ideias perdeu, novamente, o prélio para as acusações, as "bocas" de parte a parte, as tricas e as intrigas.
Vimos novamente confirmado o nível dos protagonistas da nossa cena política, levando os mais fatalistas a reforçar o seu argumento de que cada povo tem os políticos e a democracia que merece.
No entanto, nem tudo foi mau nesta campanha eleitoral. Como diria Eric Draven, Can't rain all the time. O Moyle detectou um aspecto em que a campanha foi interessante e para a qual, ao contrário do que diz respeito a ideias políticas decentes, o PS contribuiu forte e validamente. Refere-se o Moyle, portanto, aos odores.
Se pensarmos em arruadas partidárias e comícios de rua - que parecem ser a única maneira de se fazer campanha neste país - de que forma associaremos as várias forças partidárias a odores? No caso do CDS-PP, os aromas predominantes serão, obrigatoriamente, a peixe. Não a um peixe especificamente mas a bancas de peixe, o que significa uma miríade olfactiva infinitamente mais complexa do que os meros seres ictiológicos individualmente permitiriam.
Já numa demonstração de rua do Bloco de Esquerda, naturalmente e sem surpresas, o aroma mais fortemente sensível será o de "chocolate de Marrocos", chamon, ganzas. Como lhe quiserem chamar.
Já o Partido Comunista estimula de outra maneira o bulbus olfactorius. Embora seja possível encontrar, aqui e além, um toquezinho de haxixe, sobretudos na secção J dos comícios, o mais provável é cheirar a suor e ressentimento, misturados com pó de metal, ferodo queimado e, mesmo, farelo.
Os comícios do PSD, ou do PPD/PSD (depende um bocado de quem está a referir-se ao partido ser o Santana Lopes), são fáceis de reconhecer. Cheiram a puros charutos Habanos, importados da Costa Rica e a Chanel nº5.
Resta-nos o PS - a não ser que o tribunal de Oeiras venha obrigar o Moyle a descrever aromaticamente uma arruada do PCTP/MRPP e um comício de Garcia Pereira. Se for o caso, o Moyle cumprirá com a ordem judicial sem qualquer prurido caracterizando-os como cheirando a esturro e a inutilidade - que, corrijam o Moyle se estiver errado, não tinha um cheiro particular que o distinguisse dos restantes. Não se pretende com isto dizer que o Partido Socialista de Sócrates não tem definição ideológica, sendo os odores uma metáfora. O certo é que a amálgama de pessoas tornava o ar confuso e pouco explícito olorosamente falando.
Este ano, nesta campanha, o PS conseguiu dar o passo que lhe faltava para se definir aromaticamente. Registou-se, praticamente, uma revolução olorosa de tendência oriental. Foi uma agradável novidade o cheirinho a canela e, acima de tudo, a chamuças que passou a preencher a digressão do PS por todo o país.
Sabemos que, na linha daquilo a que temos vindo a ser habituados, o nível e a elevação da campanha não foram exemplares. A discussão de ideias perdeu, novamente, o prélio para as acusações, as "bocas" de parte a parte, as tricas e as intrigas.
Vimos novamente confirmado o nível dos protagonistas da nossa cena política, levando os mais fatalistas a reforçar o seu argumento de que cada povo tem os políticos e a democracia que merece.
No entanto, nem tudo foi mau nesta campanha eleitoral. Como diria Eric Draven, Can't rain all the time. O Moyle detectou um aspecto em que a campanha foi interessante e para a qual, ao contrário do que diz respeito a ideias políticas decentes, o PS contribuiu forte e validamente. Refere-se o Moyle, portanto, aos odores.
Se pensarmos em arruadas partidárias e comícios de rua - que parecem ser a única maneira de se fazer campanha neste país - de que forma associaremos as várias forças partidárias a odores? No caso do CDS-PP, os aromas predominantes serão, obrigatoriamente, a peixe. Não a um peixe especificamente mas a bancas de peixe, o que significa uma miríade olfactiva infinitamente mais complexa do que os meros seres ictiológicos individualmente permitiriam.
Já numa demonstração de rua do Bloco de Esquerda, naturalmente e sem surpresas, o aroma mais fortemente sensível será o de "chocolate de Marrocos", chamon, ganzas. Como lhe quiserem chamar.
Já o Partido Comunista estimula de outra maneira o bulbus olfactorius. Embora seja possível encontrar, aqui e além, um toquezinho de haxixe, sobretudos na secção J dos comícios, o mais provável é cheirar a suor e ressentimento, misturados com pó de metal, ferodo queimado e, mesmo, farelo.
Os comícios do PSD, ou do PPD/PSD (depende um bocado de quem está a referir-se ao partido ser o Santana Lopes), são fáceis de reconhecer. Cheiram a puros charutos Habanos, importados da Costa Rica e a Chanel nº5.
Resta-nos o PS - a não ser que o tribunal de Oeiras venha obrigar o Moyle a descrever aromaticamente uma arruada do PCTP/MRPP e um comício de Garcia Pereira. Se for o caso, o Moyle cumprirá com a ordem judicial sem qualquer prurido caracterizando-os como cheirando a esturro e a inutilidade - que, corrijam o Moyle se estiver errado, não tinha um cheiro particular que o distinguisse dos restantes. Não se pretende com isto dizer que o Partido Socialista de Sócrates não tem definição ideológica, sendo os odores uma metáfora. O certo é que a amálgama de pessoas tornava o ar confuso e pouco explícito olorosamente falando.
Este ano, nesta campanha, o PS conseguiu dar o passo que lhe faltava para se definir aromaticamente. Registou-se, praticamente, uma revolução olorosa de tendência oriental. Foi uma agradável novidade o cheirinho a canela e, acima de tudo, a chamuças que passou a preencher a digressão do PS por todo o país.
20 comentários:
Do mal o menos: pelo menos esses "orientais" ainda ganharam alguma coisa com a campanha! A mim também teriam de pagar, para assistir a figurinhas tão lastimáveis (de todos os partidos, note-se!). Quer dizer, pensando bem, nem pagando... :)
Vi o discurso de demissão do Sócrates e chegou! Agora sempre quero ver se o tal Coelho aguenta a pedalada, Duvido muito, mas pronto! De hoje para amanhã, vai ser tão ou mais odiado que o PM demissionário! Deixa-o poisar... :P
Teté,
eu tinha ido só pelo caril :) sem dúvida nenhuma. embora eu ache que a comunicação social de Lisboa gosta muito de fazer a cama ao PS. Quer dizer, acho que é à vez e o Coelho é o senhor que se segue...
Gostei da metáfora do cheiro.
Só é pena o bronco do Sócrates ter que ficar com a canela e o caril... é que me chateia um bocado, a mim, fervorosa apreciadora das especiarias!
ipsis,
já por isso deixei a noz moscada de fora, de longe a minha preferida :)
Moyle,
:D
Noz moscada também, mas canela... ui! :D
ipsis,
canela também, note-se, só não tanto como a noz moscada. mas no leite creme ponho sempre canela, e não aquele queimado tradicional por cima. nas rodelas de ananás, polvilho sempre com canela e fica... divinal :)
Moyle,
nham nhaM! :P nas rodelas de ananás nunca experimentei, mas fica a ideia :)
E canela num capuccino ou meia de leite (com muita espuma) feitos em casa? nhaaam!
ipsis,
I'll tajke your word for it porque não bebo leite desde os 2/3 anos de idade :)
Moyle,
mas nem o meu capuccino nem a minha meia de leite têm assim tanto leite... imagina-os escurinhos... olha, tipo leite creme, onde o creme é em maior quantidade que o leite ahahaha :P
ipsis,
a única bebida que ainda vai é a UCAL. desse gostarei sempre. quando era miúdo bebia daqueles pacotes de leite achocolatado que davam na escola primária mas acabei por enjoá-lo também. mas a UCAL não :)
Moyle,
Ucal é bem bom! (tem é que ser fresquinho)
ipsis,
UCAL, fresco, com umas tartezitas que as pastelarias costumam ter, com morangos, ou uma rodela de ananás em cima... ui jasus... não posso falar muito nestas coisas porque já não me apetece sair de casa :)
Moyle,
opá! olha que tu ainda me fazes sair é a mim de casa só para comprar umas tartezitas dessas que as pastelarias costumam ter, com morangos, ou uma rodela de ananás em cima (e assim já experimento a cena da canela também)e uma garrafinha de Ucal para empurrar tudo :P
ipsis,
isso é que era serviço. fazia um post e tudo sobre os meus poderes de persuasão à distância.lol
ipsis,
não era de persuasão mas de sugestão que queria dizer :)
Moyle,
sugestão ou persuasão... deixa lá que quando estou com fome também troco as palavras :)
ipsis,
acabei a comer amendoins salgados e a beber uma Carlos Alberto fresquinha :P
Moyle,
Ahhh... com esplanada incluída?
ipsis,
a varanda conta? tem uma vista jeitosa :)
Moyle,
então não conta?! é a chamada esplanada privada :D
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