5/24/2010

Un bel di vedremo

A solidão preocupa-me. Não a minha solidão, obviamente, que tenho que afastar os fãs à paulada mas quais hidras isso apenas parece fazer com que se reproduzam, mas a solidão dos outros. E de todos os solitários e depressivos que existem, um grupo há que me aflige, os amidos.
Os amidos não são solitários por opção. A sua jovialidade e alegria são contagiantes. Uma quase infantilidade inata, sincera e serena que comove até à inveja. De bem com a vida e o mundo, a solidão amídica é induzida. Induzida porquê e por quem? Vá-se lá saber os motivos de uma sociedade de invejosos, casmurros e empedernidos na sua cinza quotidiana.
Os amidos são extremamente sociáveis e brincalhões mas têm sido barbaramente privados de contacto com a sua própria espécie. Daí a sua amargura e tristeza na qual se encontram mergulhados no umbrosa ténebra da solidão e da angústia. Para construção de um autocomprazimento frívolo e insensível, as pessoas apartam e estilhaçam amizades e arrasam relações, forçando os amidos a um celibato estéril e amargurado. A ditadura do espelho dos dias que correm mostra a sua verdadeira face de rolo compressor emocional que desbarata toda e qualquer possibilidade de uma normalidade relacional entre estes pobres polissacarídeos.
Chegou o momento! É já tempo de dizermos basta! a este terrorismo institucionalizado. Fim ao bombardeamento mediático e completa aniquilação das possibilidades da felicidade entre amidos.
O Moyle assume o seu papel e garante-vos que nunca,mas mesmo nunca, pede no restaurante só as batatas fritas, ou só o arroz, com o argumento abichanado de que «não se misturam amidos». Não terá nas suas mãos e na sua consciência amores de amidos perdidos e vidas polissacarídeas despedaçadas pela distância imposta por tiranos distantes, mimados e desrespeitosamente caprichosos.
Juntai-vos ao Moyle e, quando chegarem as grelhadas mistas, os frangos de churrasco, etc., tanto faz, aceitai de bom grado batatas e arroz à mistura, assumi-o em voz alta e com orgulho. Vamos terminar com o drama dos amidos.

2 comentários:

Teté disse...

Uf, uf, confesso que tive de afastar uma catrefada de fãs até conseguir chegar a esta caixa de comentários... :D

Nunca tinha encarado a problemática dos amidos por esse prisma, mas agora que esclareceste o seu drama e solidão, vou aderir a essa nobre causa. Já tenho umas palavras de ordem e tudo:

"Amido, o povo está contido! Amidos unidos na degustação, já este Verão!"

Moyle disse...

Teté,

Ahahahahahahahah... boas palavras de ordem :)