2/23/2010

Albarran Dixit

A internet é uma coisa muito fofa, mas fofa mesmo do género uiuiui, quem é a riqueza da sua avó e tal, mas pode ter muito que se lhe diga, nomeadamente no que diz respeito ao potencial de destruição inapelavelmente massiva da sanidade mental - cuja existência no caso do Moyle, ainda por cima, é algo de perfeitamente discutível - dos seus utilizadores.

A Tragédia

Atentos como são, os leitores do Moyle certamente ouviram falar do vanguardismo da especiosa autora [e aparentemente fervorosa adepta do lendário rei peninsular que iniciou a Reconquista Cristã] Clara Pinto Correia. A excelsa personagem achou por bem divulgar fotografias suas captadas no preciso instante em que experimentava as celestiais delícias orgásmicas. Até aí tudo bem. A senhora pediu que lhe tirassem as fotos. Tudo muito sim senhora. Fez uma exposição que certamente reunirá muita gente a discutir as motivações de tão generosa partilha, os méritos estéticos e técnicos das fotografias, entre outras meritosas elucubrações. Ora pois não, com toda a certeza, esteja à vontade, apesar da curiosidade mórbida em observar acidentes não ser bem o que interessa ao Moyle. Donde emana a preocupação moylística inerente a este caso? Dimana precisamente do facto de essas imagens terem ido parar à internet. Ora isto é perfeitamente lamentável, até porque sendo uma exposição em Cascais, como constou, o Moyle nunca mas, repita-se mesmo a parte do nunca, correria o risco de dar de caras com a cena. E agora, sem querer e antes que se pudesse aperceber, pumba, toma lá e vai a correr fazer reserva na ala de psiquiatria. Ah, e faz a mala para várias semanas. Já vi a merda das imagens. Quem paga os tratamentos? A quem é que se pede o livro de reclamações da internet? E indemnizações por danos permanentes e incapacitantes, quem assegura?

O Horror

Mas a coisa não fica assim. Na medida em que uma catástrofe nunca vem só e todos os terramotos têm as suas réplicas, toma lá outro rude golpe na tua sanidade mental com potenciais sequelas em termos de masculinidade. Explicando. Ora, andava o Moyle, muito inocentemente note-se, a fazer uma simples e ingénua pesquisa de imagens da insuspeita e fofinha Abelha Maia - com a patética intenção que puderam ver - quando é confrontado com as mamas novas da Maya, isto é, a outra Maya, a que se escreve com um Y, que não tem nada de inocente, ingénuo, insuspeito nem fofinho e que dantes aparecia na SIC. Ora, se ainda não estava recomposto do atentado terrorista Pinto Correia, o abismo da insanidade olhou de volta o Moyle nos olhos, numa vertigem de colapso nervoso. Sinceramente, a indignidade e o desrespeito pelos mais básicos direitos humanos parecem não ter limites. Enquanto as fotos estivessem numa revista, repete-se a história, o Moyle não correria risco de afrontar a indizível abominação. A Maya com as mamas à mostra? O Moyle até se vai perguntando isto frequentemente, desencadeando, dessa forma, um mecanismo psicossomático de auto-preservação qualquer, assente na lógica da permanente repetição de algo com o intuito último do seu esvaziamento de significado. O que eu não pagava agora por um bom recalcamento! Mas ainda mais que isso. As mamas da Maya associadas à Abelha Maia? E as crianças, Senhor? E as crianças?

O Drama

Como lidar com tamanha monstruosidade que sorrateira e repentinamente nos foi imposta, quando nem sequer tivemos tempo de nos preparar para enfrentar os negros meandros do horrível assim, de chofre? Os próximos posts poderão demorar um bocadinho, até que as funções neuropsicomotoras do Moyle estejam todas em funcionamento. Até lá, vão ser longas horas de terapia, começando por fotografias de cadáveres judeus na II Guerra Mundial a serem queimados em piras gigantes. Fotografias de acidentes de carros em que cada sinistrado precisa de, pelo menos, 3 daqueles sacos pretos. Vídeos de autópsias, sobretudo de queimados e estropiados por acidentes ferroviários. Estas imagens serão portadoras de serenidade, um afluxo zen a uma perturbada mente. Depois, mais tarde e de forma progressiva, talvez uns ossários cambodjanos, a bancada do CDS-PP, a cara do Hulk que joga no Ftóculporto, ou do novo avançado Pongollóide do Sbordeng. Enfim, toda a miséria corriqueira sem a qual não saberia viver.

Contudo. Apesar do trauma e da contaminação por materiais de elevadíssima toxicidade psicológica, é também a internet que providenciará a necessária catarse e os mecanismos psicanalíticos que, em vez de libertar, ajudarão a enterrar bem lá fundo, a tragédia e o horror. E é esse o drama do Moyle no post de hoje.

4 comentários:

Teté disse...

A tragédia, o horror e o drama do Moyle estão bem patentes neste pungente post! Mas era bom que não brincasses com a bancada do CDS-PP, que eles eram senhores para levar o assunto à AR. Parece-me que até estou a ver o Portas, com o seu ar dramático, de dedo em riste a compor em pinceladas negras o quadro: "E assim, a inocente criança, que procurava apenas o seu desenho animado preferido, deu de caras com os seios de uma mulher, que nem sequer estavam a cumprir a sua verdadeira missão - a de alimentar os infantes, filhos da sua carne! - mas expostos como numa montra, de modo vil e indigno. E agora, quem vai ajudar o pobre petiz a ultrapassar o trauma?!"

Discurso esse muito aplaudido pelas múmi... quer dizer, pelos deputados da mesma bancada, que gritam bis e "Muito bem!" e "Bravo!", acordando assim os poucos deputados presentes no hemiciclo, que por esta altura já ressonavam! :D

Moyle disse...

Teté,

muito bom mesmo. já me ri bastante com o teu comentário. ri-me mas com um bocado de medo do CDS ao mesmo tempo :D

Carlos Paiva disse...

A internet devia ter livro de reclamações, não?

Ou pelo menos devia oferecer uns cupões de desconto para o psiquiatra...

Moyle disse...

Shadow,

era mesmo isso... já faz muita faltinha.