«Havia um pessegueiro na ilha,
Plantado pelo vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Covo...»
Enquanto o Moyle vai uma semanita ali a Porto Covo ver se está tudo no mesmo sítio e a que preço está a cerveja no litoral alentejano (esperemos que haja vaga no Parque de Campismo, claro), deixa-vos aqui uma questão para meditarem. Não esquecer que este exercício vai ser sujeito a avaliação, e conta para nota, no teste da próxima semana.
O Moyle não compreende a incompreensão e o preconceito que, em Portugal, rodeiam a obra do genial realizador português Manuel de Oliveira. Na realidade, começa a ser um bocado irritante que os portugueses se queixem de que tudo é mau no país e de que as poucas coisas boas só são reconhecidas por estrangeiros e no estrangeiro e, ao mesmo tempo, se mostrem indisponíveis para compreender a sua própria cultura e o que ela tem de melhor.
Além do centenário realizador português, de quem o Moyle é tão grande admirador que mal pode esperar para ver o documentário autobiográfico «A visita, ou memória e confissões», outros exemplos da qualidade portuguesa ser apenas reconhecida além-fronteiras podem ser aduzidos, como nos casos de Zezé Camarinha, José Castelo-Branco e Durão Barroso.
Na tentativa de contribuir para a democratização da obra de Oliveira o Moyle dá, agora, seguimento ao esforço de descodificação da sua obra para que possa, finalmente, ser descoberta e plenamente fruída pelas massas (nomeadamente o rigatone, o fusili e o penne).
Além da artificiosa e genial exploração tântrica da tensão sexual ao longo das suas películas – que pode levar a momentos embaraçosos nos espectadores – a intervenção político-social é outra das marcas ignoradas pelos que visionamentalizacionalizam os filmes de Oliveira.
Vem isto a propósito da continuidade que o realizador portuense fez do filme de Buñuel «Belle De Jour», com o seu «Belle Toujours». Pretendeu Manoel mostrar que, apesar da vida dupla que levava, optando por uma sexualidade alternativa, Catherine Deneuve não perde a sua beleza devendo – e esta mensagem aparece de forma refinadíssima no título Belle Toujours – assumir essa mesma sexualidade.
No fim de contas, o que Manoel de Oliveira pretende com a sua obra de arte é que as Catherine Deneuves que existem por aí se assumam perante o mundo, lembrando-as que são como são e não perderão a sua “beleza” por isso.
13 comentários:
oi Moyle,
Não sou muito de ver filmes portuguese (eh pá! nã mi gusta, ja tentei) mas tens toda a razão, penso o mesmo em relação ao Nobel Saramago, incompreendido por parte Portugal, e até nã gosto de o ler. Mas acho o mesmo.
O facto de eu não gostar não tem nada a ver para o assunto, o "im-putante" é esta incompreensão absurda por pessoas de valor por parte deste País que deveria ter orgulho neles! bah!
Mudando de assunto... que gaita é esta de ires de férias heim? atão vomecê passa a vida de férias???? Isto de ser divindade é do melhor....ahahahhahaahahha
Boa semanita de férias e a cervejola, por terras de além tejo, deve estar com preços mais acessiveis ;)
beijos
Então muito boas férias, Moyle! (o litoral alentejano é uma óptima escolha)
Já quanto ao Nélinho, 'tá que não sou apreciadora do cinema de autor que ele pratica, mas daí a compará-lo com fuguras incompreendidas como o Zezé Camarinha, o Castelo-Branco ou o Durão Barroso também é forte demais!!! Não merecia esses tratamento...
Beijocas e diverte-te (acompanhado por umas quantas loirinhas, daquelas que não provocam ciúmes a ninguém...)!
eu cá, se fosse a ele, avançava com um projecto chamado «o calor da nôte»! Ias ver que de realizador incompreendido passava logo a herói do povo! hehehehehehe
Um abraço e boas férias
TENHO DITO
Eu, (agora, depois de perceber), ia enaltecer a saudável atitude do Manual de Oliveira.
Mas confesso que ainda me tenho atravessadao no meu pequeno cérebro a expressão "visionamentalizacionalizam"!
;o)
Outra coisa, que vem mesmo a despropósito.
Tendo a letra sido escrita pelo Rui Veloso, sempre achei que era para a ilha que ele ia descascar o pessegueiro e que não há outra interpretação a dar à letra....
jimini,
como diria o jack, o estripador, vamos por partes:
- os livros do Saramago são bons, mesmo (aqueles que já li, pelo menos), só não percebo é a mania de ele pôr um dedo a brilhar e repetir insistentemente na frase «phone home!». paranóias, enfim.
- é verdade, isto de ser uma divindade é uma categoria (também tem dias de nuvens, mas lá no Olimpo a coisa passa-se bem) mas só agora é que fui de férias. apesar de ninguém acreditar, Milão, Lagos e Mira foi trabalho (o que não quer dizer que não me divertisse a trabalhar, claro) :)
- impecável, estava no parque de campismo há uma hora, nem tanto talvez, e a brilhante informação de que no "Arsénio" as minis eram a 0.60€ aterrou-me no colo. isto de ser uma divindade é impecável mesmo (quando forem a Porto Covo é fácil de encontrar o Arsénio)
teté,
bem hajas. foram boas (excepto para o fígado, estômago, pulmões, pele, etc., sujeitos que foram a intenso desgaste).
o Moyle aprecia os filmes do Manelinho e nesse aspecto tlavez tenha sido um pouco insensível quanto às companhias de que o rodeou. mas a questão mantém-se, essas peças são mais apreciadas fora que dentro do rectângulo mágico (embora fossem preferíveis dentro de um rectângulo mágico, daqueles que se transformam magicamente em húmus e a tudo o que contêm).
o acompnhamento de loirinhas foi da ordem do harém de um sultão otomano, tal a proliferação da companhia. desgaste, verdadeiramente, um desgaste:)
poeta,
herói do povo concerteza. não digo do povo todo, mas praí de 1/6 do povo de certeza absoluta:)
sorrisos,
se percebeste só tenho 3 palavras:
im pre sionante!
é que este texto é um bocado hermético, assim tipo cabalístico e parte de uma informação privilegiada a que tive acesso há uns anos (a sua veracidade não interessa nada:))
o Moyle presta um serviço público e com a história do aborto ortográfico há que estar na vanguarda para pôr em água a cabeça dos filólogos e outros merdas que inventam alteraçõe sda treta que só complicam a vi das pessoas:)
sorrisos,
se for essa a explicação correcta, então está visto por que razão o vizir morreu novo. deve ter morrido seco, cego e com cabelos nas mãos:)
Gosto bastante de cinema português, no entanto não me lembro se já alguma vez vi um filme do Manel de Oliveira, de onde venho só á um filme por semana (repetido durante várias sessões da mesma), e os videoclubes preocupam-se mais em encomendar os grandes blockbusters que levam meses até chegar aos Açores.
O que vejo de cinema português é o que apanho ás tantas da manhã, muito de quando em vez nos canais generalistas
Gosto bastante de cinema português, no entanto não me lembro se já alguma vez vi um filme do Manel de Oliveira, de onde venho só á um filme por semana (repetido durante várias sessões da mesma), e os videoclubes preocupam-se mais em encomendar os grandes blockbusters que levam meses até chegar aos Açores.
O que vejo de cinema português é o que apanho ás tantas da manhã, muito de quando em vez nos canais generalistas
blayer,
não te fazia açoriano. aqui há um montão deles, com várias estreias por semana, mas do Manuel de Oliveira só me lembro de um que estivesse no cinema e felizmente pude lá ir vê-lo.
sabes que a Anaconda, o Rambo, o Exterminador e outras merdices do género são mais interessantes e educativos. até admira como não transmitem uma pornografiazinha ao serão, o que acaba por ser pena.
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