6/01/2007

Um Ano de Moyle

Tendo em consideração os aspectos significantes e operativos que caracterizam axiologicamente aquilo a que se convencionou chamar, levianamente sugeriríamos, “cultura” portuguesa, cremos ter algo a acrescentar a esse mesmos aspectos.
Sintomaticamente lúgubre, soturna e, só por logro, carnavalesca, essa nossa “cultura” precisa de um tsunami e nós queremos ser o seu Martunis.
No que concerne a uma eventual rotulação do nosso/este trabalho/proposta criativa, lembraríamos que os silogismos são frequentemente falaciosos, razão pela qual, queremos afirmá-lo, somos apenas “Moyle”. Esta pequena palavra, etimologicamente hebraica e ligada ao acto de cortar, reflecte, antes de mais, um estado de espírito que, pela sua abrangência e dimensão universal, queremos divulgar como profetas de um proselitismo da incongruência axiomática e de um universalismo militante. Um velho exemplo da sabedoria popular portuguesa, esse profundíssimo repositória de máximas marcantes, em que o significado nem sempre é o significante e vice-versa, lembra-nos a história daquele infeliz que chorava todos os dias por uma bicicleta e que, ao não ser atendido no seu clamor, desesperado com a vida, deixou de comer laranjas.
Veja-se, a partir do previamente enunciado, que é este o nicho ecológico/cultural que queremos ocupar. Queremos a bicicleta, mas não desprezamos laranjas.
Vimos, então, por este meio, sugerir/propor a Vossas Excelências, nas vossas infinitas: bondade, capacidade de visão, bem, talvez alguma pena, e espíritos crítico e empreendedor, que nos concedam um lapso do vosso tempo, a ser animado por nós, de forma a participarmos em conjunto, nós e vós, os criadores do Moyle e a vossa atenção, num mesmo movimento, numa imensa e poderosa vaga de revolução na “cultura” portuguesa. Garantimo-lo, a revolução que pretendemos não mudará absolutamente nada, por ser sobre absolutamente nada.

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