1/12/2012

Lost Highway


Há um fenómeno curioso que se verifica em algumas zonas do país que o Moyle se escusa de precisar por razões óbvias de não ferir susceptibilidades eventuais mas que são a zona norte atlântica, norte interior e faixa atlântica entre ambas.
É ainda possível que o mesmo fenómeno seja mais abrangente territorialmente. Contudo, a actualmente circunscrita experiência do Moyle em termos de fruição paisagística deste país à beira e mal plantado não lhe permite não se referir por prurido a outras zonas de ocorrência fenoménica do aspecto que será clarificado no próximo parágrafo, mas referindo-as ainda assim.
Consiste o anunciado fenómeno na multiplicação dentro e fora de localidades - notando-se embora uma maior recorrência dentro ou nas imediações de núcleos populacionais - em zonas rurais e em zonas de perfil urbano - notando-se embora uma maior recorrência em zonas rurais ou periurbanas - de umas hieráticas figuras femininas que passam os seus dias à beira da estrada.
Para maior precisão e melhor compreensão do fenómeno esclareça-se que estas figuras femininas, que passam os seus dias à beira da estrada, trajam normalmente vestidos de cores claras e deixam-se estar ali em pé, em exposição a todos os tipos de olhares - os quais seria fastidioso e inconsequente elencar - quer do povo autóctone quer de transeuntes.
Escusado será dizer que não serão todas as mulheres, ou gente no geral, a ter estômago para fazer da beira da estrada a sua ocupação diária, mas o facto é que este fenómeno é bastante amplo e abrangente nas tais regiões do país que naturalmente não se precisam mas sendo a norte litoral, a norte interior e a faixa geográfica entre ambas.
Outra curiosidade é o facto de, em muitos casos, estas senhoras não estarem expostas à inclemência dos elementos abrigando-se nuns pequenos alpendres, ou barraquinhas extremamente simples com quatro colunas e um tecto aparentemente construídas propositadamente para proteger estas personagens de apanhar secas e de precipitações de vária sorte. É que quando se passa de carro rotineiramente por certas estradas lá estão elas, sempre nos mesmos locais precisos, faça chuva ou faça sol.
O Moyle imagina que estejam a pensar na falta de notabilidade da constatação de existirem senhoras de saias que levam o seu dia-a-dia na beira da estrada, em locais escolhidos, e que estejam a pensar ainda que essa existência nada tem de fenomenal.
Na realidade, o fenómeno não é propriamente esse, embora se compreenda que esta treta que têm estado a ler seja equívoca nesse sentido. O fenómeno é na realidade que, em certas zonas do país, que não se identificam aqui por pruridos de bom-senso mas que são as zonas mais a norte do país, a estas senhoras de beira da estrada se chamam nossas senhoras.

2 comentários:

Teté disse...

Ah, até ao final estava a ser induzida em erro, e a pensar "mas aqui também as há". E é verdade que também há, mas essas senhoras, que são nossas, não são tantas como nesse norte. As outras... pois, não te sei dizer se estatisticamente são em maior ou menor número, até porque circulam muito mais... :)

Moyle disse...

Teté,

em abono da verdade, a definição de nossas aplica-se ao dois lados, mais ou menos [e ressalvo muito bem aqui o exagero deste postulado].
Fico contente por a indução em erro ter resultado :)